04/12/2024

Inflação dos alimentos tem maior taxa desde 2022

Inflação dos alimentos tem maior taxa desde 2022

Inflação dos alimentos  Foto Reprodução - EBC

 

 

Exportações e câmbio impulsionam preços internos, principalmente os das carnes.

 

Reflexo do que ocorre no campo, a inflação dos alimentos subiu para 2,29% no mês passado, a maior taxa mensal desde abril de 2022, quando o Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) indicava 3,38%.

 

Naquele ano, a taxa acumulada dos quatro primeiros meses atingiu 10%. Neste, o acumulado de janeiro a novembro está em 4,3%, conforme dados referentes à cidade de São Paulo.

 

Vários fatores impulsionam a taxa de inflação. Entre eles, a elevação dos preços pagos ao produtor, provocada pelas aceleradas exportações, câmbio elevado, safra menor e demandas externa e interna aquecidas.

 

dólar, negociado no patamar médio de R$ 5,81 em novembro, dá maior competitividade aos produtos brasileiros no exterior, ajuda a aumentar as exportações, mas traz os preços altos do mercado externo para o interno.

 

É o que ocorre com as carnes. As exportações recordes dos meses recentes, em um período de recuperação de preços no mercado externo, forçaram a alta interna.

 

No mês passado, o Brasil exportou carne suína com preço 77% superior ao de igual mês de 2023, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior). As carnes bovina e de frango, que vinham em queda de preço no mercado externo, subiram 6%.

 

Internamente, a Fipe apurou uma elevação de 10,5% nas carnes bovina e suína e de 5% na de frango, em novembro. No acumulado do ano, os aumentos para os consumidores superam 20% para as duas primeiras e 10% para a de frango.

 

Todas essas proteínas estão atingindo volumes recordes nas exportações. Em novembro, as vendas médias de carne bovina por dia útil somaram 13 mil toneladas, 37% acima do volume de há um ano.

Neste mesmo período, as exportações de carne suína subiram 106%, em volume, e as de frango, 42%. O Brasil colocou uma média diária de 25 mil toneladas de carne de frango "in natura" no mercado externo no mês passado, segundo a Secex.

 

Demanda externa forte e manutenção das vendas internas elevaram os preços médios da arroba de boi gordo para R$ 339 no mercado paulista, o maior valor desde março de 2022. O quilo de suíno foi a R$ 9,9 no preço pago ao produtor, e o do frango, a R$ 7,9.

 

Outra pressão forte no bolso do consumidor vem do café. O clima afetou a produção do Vietnã, líder no café tipo robusta, e a do Brasil, maior produtor de café arábica.

 

A demanda externa está forte, impulsionando os preços no campo. A saca de café arábica atingiu o recorde de R$ 1.777, na média do mês passado, o dobro da de novembro de 2023, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

 

O café canéfora (robusta e conilon) segue o mesmo ritmo. Os preços médios do mês passado subiram para o recorde de R$ 1.573, com alta de 138%, em relação aos de há um ano.

 

Os preços externos do café estão 52% acima dos de há um ano, e isso ocorre em um período em que as exportações brasileiras subiram 33% no período. Internamente, o café em pó esteve 5,7% mais caro nos supermercados no mês passado, acumulando reajuste de 32% no ano, conforme dados da Fipe.

 

As exportações de soja também estão aquecidas, e as previsões indicam 97 milhões de toneladas até novembro. Exportações do grão e maior demanda interna pelo óleo fizeram os preços deste derivado da soja subir 15% para o consumidor nos supermercados, apenas em novembro.

 

O Brasil ganha mercado externo também no açúcar. As exportações dos dois últimos anos vêm crescendo, mas a pressão externa dos preços diminuiu neste ano.

 

No mês passado, o país negociou o açúcar com 10% de queda, em relação a novembro do ano passado, segundo a Secex. Já a Fipe indica manutenção dos preços internos, que subiram 3,6% para o consumidor.

 

Vários produtos, porém, estão em queda e seguram a taxa de inflação. Entre eles, arroz, feijão, leite e legumes. O leite, mesmo com a queda atual, aumentou 23% no ano; o arroz, 8% (Folha, 4/12/24)