Inflação dos alimentos volta, agora com o leite
Legenda: Funcionário ajeita equipamento que faz a ordenha mecanizada das vacas leiteiras na Fazenda Agrindus, em Descalvado, interior de São Paulo Eduardo Knapp/Folhapress
A menor captação eleva os preços, que subiram 34% no primeiro semestre.
A inflação dos alimentos voltou a subir, e o aumento vai sendo intercalado entre diversos produtos durante o ano. Foram as carnes, óleo de soja, cereais e agora volta o leite.
Nos últimos 30 dias, os preços desse produto e de alguns de seus derivados subiram 5% para os paulistanos. Essa alta ajudou a taxa média de inflação do setor de alimentos a saltar para 0,84% no período.
Se permanecer nesse patamar até o final do mês, será a maior desde janeiro. Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
A alta dos preços do leite para o consumidor reflete uma série de pressões no campo. Há uma redução na oferta do produto devido à forte seca em algumas regiões produtoras, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Além disso, os elevados custos, provocados pelo dólar, aumentaram o valor dos insumos de produção, retirando a competitividade de muitos produtores.
Parte deles, devido a esses custos, deixou de fazer investimentos na atividade, o que ajuda a reduzir ainda mais a oferta do produto no mercado.
O dólar, ao mesmo tempo em que força uma alta nos custos de produção, incentiva as exportações.
As vendas externas deste primeiro semestre foram 46% superiores às de igual período de 2020.
Já as importações ainda são superiores às de janeiro a junho de 2020, mas perderam fôlego perante as de julho a dezembro do ano passado, registrando queda de 41%.
O litro do leite, que está a R$ 2,20 no campo, tem uma evolução acumulada de 34%, na média de janeiro a junho últimos, em relação a igual período de 2020, segundo o Cepea.
E as altas não param por aí. Os dados deste mês já indicam que a valorização do leite continuará no campo, e o produtor deverá receber 5% a mais neste mês para o leite entregue às indústrias em junho.
Apesar desse aumento no campo, muitos produtores perderam margem. Segundo os analistas do Cepea, as indústrias, apertadas pela queda de renda dos consumidores e pelas vendas menores no varejo, regulam os repasses para os produtores.
A alta dos preços dos grãos e dos insumos, esta última provocada pelo dólar, fez com que os custos do produtor, na média nacional, subissem 11,5% nos seis primeiros meses deste ano, em relação ao primeiro semestre de 2020 (Folha de S.Paulo, 21/7/21)