Invasão na Bahia é caso isolado, diz coordenador nacional do MST
MST NA BAHIA - Divulgação - Comunicação MST-BA
João Paulo Rodrigues afirma que ações não fazem parte de processo de retomada de lutas.
Coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Paulo Rodrigues diz que as invasões de três fazendas da Suzano Celulose, no extremo sul da Bahia, estão relacionadas exclusivamente a uma questão local e não fazem parte de uma retomada mais ampla de ações do grupo.
"É uma ação isolada, no extremo sul da Bahia, de um acordo não cumprido pela Suzano. Não é uma ação geral, uma retomada de lutas do MST. Era um acordo com a Fibria, que a Suzano comprou e não quer cumprir os combinados. É isso, não tem nada de novo, grandes ações", diz Rodrigues.
Segundo o movimento, ação tem o propósito de fazer a Suzano cumprir acordo firmado em 2011, que envolveria a cessão de terras para assentar 600 famílias.
Por nota, a Suzano informou que as propriedades foram danificadas pelos membros do movimento. Além de violarem o direito à propriedade privada, os atos estariam sujeitos à adoção de medidas judiciais para reintegração de posse, diz o comunicado.
Na terça-feira (28), a primeira instância da Justiça da Bahia ordenou a desocupação das terras em Mucuri, no interior da Bahia, a 903 km de Salvador.
O MST tem se queixado da lentidão do governo Lula em relação a questões agrárias, como mostrou o Painel. A principal crítica se relaciona à demora na escolha dos diretores e superintendentes do Incra, autarquia responsável por dar andamento a questões da reforma agrária do Brasil.
Na segunda-feira (27), o governo federal efetivou o engenheiro agrônomo César Aldrighi no comando do Incra. Rose Rodrigues, ex-secretária de Agricultura de Sergipe, deverá ocupar uma diretoria no Incra. Havia expectativa no MST de que ela comandasse a autarquia, o que acabou não se confirmando.
Está prevista para abril uma mobilização nacional pela terra, com a instalação de acampamentos em áreas simbólicas e realização de marchas. O MST espera que o governo apresente até lá um plano emergencial para a área. Caso contrário, deverá iniciar processo mais amplo de ocupações (Folha de S.Paulo, 3/3/23)