22/01/2018

Investidor volta a olhar negócios no setor, mas está mais exigente

Usina Costa Pinto, da Raízen, produz atualmente 6,7 milhões de litros de álcool de segunda geração

 

 

Usinas de grupos em situação financeira difícil são os maiores alvos; no entanto, muitas unidades não receberam oferta.

Passado o período mais crítico da crise do setor sucroalcooleiro, investidores nacionais e estrangeiros começam a olhar, ainda de forma tímida, ativos que estão à venda no País. Os principais alvos, nos últimos meses, têm sido usinas de empresas que entraram em recuperação judicial ou que foram a leilão. 

A Raízen (joint venture entre Cosan e Shell), maior grupo do setor e responsável pelo movimento de consolidação nos anos 2000, arrematou, por cerca de R$ 820 milhões, em setembro do ano passado, duas unidades que pertenciam ao grupo Tonon Bionergia, que está em recuperação judicial. Essas unidades são estratégicas para a Raízen por estarem no centro-oeste do Estado de São Paulo e complementarem o déficit de cana detectado pelo grupo na região.

A Tonon, que entrou com pedido de proteção à Justiça em 2015, ainda ficou com uma usina no Mato Grosso do Sul. Já a Renuka, também em recuperação judicial, não conseguiu comprador para suas duas unidades, que ficam no noroeste do Estado. A empresa, que colocou usinas em leilão, não atraiu comprador, de acordo com pessoas com conhecimento no assunto. 

A grande oferta de grupos com problemas financeiros à venda deixou o investidor mais seletivo, mesmo com ativos de empresas com boa estrutura financeira. 

É o caso da multinacional Cargill, que há meses tenta vender sua unidade paulista Cevasa, segundo uma fonte com conhecimento no assunto. Procurada, a trading não quis comentar. 

A Petrobrás tem o mesmo problema. No fim de 2016, a petroleira se desfez de participações de duas importantes unidades – uma em sociedade com o Grupo São Martinho, a Nova Fronteira, em Goiás, e outra com a francesa Tereos, a Guarani, levantando no total US$ 235 milhões. A petroleira agora tenta, sem sucesso, se desfazer de uma unidade em Minas Gerais que tem investidores locais como sócios. 

Em nota, a estatal reforçou que o Plano de Negócios e Gestão 2018-2022 prevê “otimizar o portfólio de negócios, saindo integralmente das atividades de produção de biocombustíveis, distribuição de GLP, produção de fertilizantes e das participações em petroquímica, preservando competências tecnológicas em áreas com potencial de desenvolvimento”.

Interesse

Estado apurou que o grupo alemão Sudzucker voltou a olhar ativamente negócios no Brasil – o banco Rabobank tem o mandato da companhia. Com tradição em comercialização global de açúcar no mundo, a trading alemã informou, em nota, que estuda oportunidades dentro e fora do País, mas não quis comentar estratégia, nem confirmar o assessor financeiro contratado para avaliar potenciais negócios (O Estado de S.Paulo, 22/1/18)