Investidores em energia viabilizam novas usinas com contratos privados
Empresas de energia têm conseguido viabilizar usinas eólicas e solares no Brasil por meio de contratos privados de longo prazo para a venda da produção futura dos projetos, uma alternativa que para alguns já se mostra mais atrativa que os tradicionais leilões realizados pelo governo para novos empreendimentos de geração, disseram especialistas e investidores à Reuters.
O movimento acontece em meio a uma retração no consumo de eletricidade após anos de crise econômica, o que diminuiu os volumes negociados nas licitações federais e aumentou a concorrência, levando os preços oferecidos aos vencedores dos certames aos menores níveis já vistos no país para energia solar e eólica.
A desenvolvedora de projetos eólicos Casa dos Ventos, por exemplo, realizou com sucesso no início deste mês um leilão próprio, em que fechou contratos de até dez anos com grandes consumidores em montante suficiente para assegurar a implementação de alguns novos parques geradores.
“A gente vendeu 100 por cento do que gostaríamos de ter vendido, foi muito positivo. Muito provavelmente é um modelo que a gente pretende reproduzir”, disse à Reuters o chefe de Regulação da empresa, Fernando Elias, sem abrir os números negociados.
A comercializadora de eletricidade Matrix também conseguiu viabilizar empreendimentos —cerca de 300 megawatts em capacidade eólica e 200 megawatts solares, em um modelo no qual intermediou contratos de 10 a 15 anos entre consumidores e geradores “de primeira linha”, segundo o diretor de Relações Institucionais e Regulação da empresa, Ricardo Suassuna.
“São operações diretas, em contratos de 10 anos ou mais de energia renovável e a preços muito competitivos. O papel da Matrix é adequar contrato, preço, prazo e níveis de risco às necessidades do consumidor e do gerador”, afirmou ele, antecipando que a empresa já avalia realizar uma nova rodada.
Os empreendimentos do leilão da Casa dos Ventos são estimados para entrar em operação a partir de 2021 e 2023, enquanto os da Matrix devem começar a produzir em 2021 e 2022.
Antes, a elétrica mineira Cemig já havia realizado, em junho, um leilão para comprar por 20 anos a energia de novas usinas eólicas e solares, que deverão ser implementadas pelos investidores de geração até janeiro de 2022. O certame contratou projetos com um total de 1,2 gigawatt em capacidade.
A Cemig, que pretende utilizar a energia desses empreendimentos para atender seus clientes no mercado livre de eletricidade, já agendou uma segunda licitação semelhante, para 20 de setembro, com contratos de 10 a 20 anos para os vencedores (Reuters, 23/8/18)