06/08/2021

Investimento chinês no agronegócio brasileiro é pequeno

Investimento chinês no agronegócio brasileiro é pequeno

Apenas 3% do que a China investe no Brasil fica com a agropecuária, segundo o Conselho Empresarial Brasil-China.

Era de se esperar que, por uma questão de segurança e pela forte dependência de produtos agropecuários do Brasil, a China fosse acelerar os investimentos neste setor nos últimos anos no mercado brasileiro.

Os chineses precisam garantir matéria-prima para seu consumo e para a manutenção de seus estoques.

Não é o que acontece. Até 2011, os chineses davam prioridade às commodities brasileiras, que ficavam com 83% dos investimentos nos setores de agropecuária, minério de ferro e petróleo.

 

A partir de 2012, porém, as empresas buscaram outras opções de negócios, investindo mais em energia, em serviços e na indústria de manufatura.

É o que mostra estudo do CEBC (Conselho Empresarial Brasil-China), divulgado nesta quinta-feira (5). De 2007 a 2020, o valor dos investimentos confirmados se concentrou 48% em eletricidade e gás, enquanto a agropecuária ficou com apenas 3%.

A necessidade chinesa de produtos brasileiros da agropecuária é crescente. A participação do agronegócio nas exportações para a China saltou de 35%, em 2010, para 50%, em 2020.

O estudo aponta que essa dependência trouxe investimentos de empresas como Cofco, Tide Group e LongPing High-Tech, tanto nas áreas de comercialização e fornecimento de produtos agrícolas como na fabricação de químicos para a agroindústria.

Mato Grosso foi um dos principais estados no recebimento de investimentos chineses voltados para a agricultura e para serviços relacionados.

A Cofco adquiriu a Nidera e a Noble, participando diretamente das operações de trading não só no estado, que é o principal produtor nacional, como também em todo o país.

Os investimentos chineses no Brasil, acumulados de 2007 a 2020, somaram 176 projetos, no valor de US$ 66 bilhões. Em 2019, atingiram US$ 7,3 bilhões, com crescimento de 117%, em relação a 2018. Já no ano passado, o volume recuou para US$ 1,9 bilhão, com queda de 74%.

Túlio Cariello, do CEBC, diz que essa queda seguiu tendência mundial, devido à pandemia. Os investimentos mundiais da China, que chegaram a US$ 170 bilhões em 2016, recuaram para US$ 110 bilhões no ano passado (Folha de S.Paulo, 6/8/21)