Ipea revisa para baixo previsão do PIB do agro por quebra na soja
CARREGAMENTO SOJA -FOTO JORGE ADORNO - REUTERS
O PIB do agronegócio sofre especialmente com uma queda de 8,8% da produção de soja nacional, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE. Quebra na soja abateu o crescimento de 2,6% do valor adicionado da produção agrícola, que agora cai 0,3% neste ano e afeta o PIB do agro
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reviu para 1% o crescimento do PIB agro (tanto pecuária como agricultura) de 2022, ante uma projeção anterior de 2,8%, por conta da quebra da safra de soja, o principal produto do agronegócio brasileiro.
A estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE apontou para uma queda de 8,8% da produção de soja nacional, citou o Ipea, em texto em que comenta a revisão.
Dessa forma, o valor adicionado da produção agrícola passou de um crescimento de 2,6% para uma queda de 0,3% neste ano.
A guerra na Ucrânia, que gera temores acerca das cadeias de fornecimento, também pode pressionar PIB do agronegócio do Brasil em 2022. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) afirmou que as despesas elevadas já atingiam o agro no ano passado e a situação foi agravada por conta da crise de fornecimento de fertilizantes, que o Brasil importa majoritariamente da Rússia.
Por outro lado, há estimativas de avanço em culturas como milho, cana-de-açúcar e café, minimizando o efeito negativo da soja.
Para a produção animal, a estimativa de crescimento, que era de 3,6%, foi revista para 3%.
O desempenho menos positivo é resultado de menores estimativas de crescimento para as produções de leite, suínos e ovos, informou o Ipea.
Após dois anos de queda, a expectativa é de que, com uma oferta maior de animais prontos para o abate, a produção de bovinos apresente crescimento de 3,8% no ano, disse o Ipea.
O cenário não é positivo para o PIB do Brasil como um todo. No ano passado, a fatia do PIB Agro no PIB Brasil foi a maior desde 2004, caminhando para 30% do PIB do país. Assim, o crescimento da economia nacional deve ser ainda mais abatido neste ano por conta do desempenho mais fraco do setor (Reuters, 22/3/22)