JBS é pressionada a parar de comprar gado ilegal da Amazônia
Legenda: Mais de 57 mil assinaturas de pessoas de 84 países da petição “Diga à JBS para não comprar gado ilegal da Amazônia” foram entregues à diretoria da JBS pela Anistia Internacional (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)
Por Lucas Simões
Na última semana de abril, a JBS (JBSS3), reconhecida como a maior produtora de carne bovina do mundo, foi pressionada pela Anistia Internacional a interromper a compra de gado bovino que tenha pastado ilegalmente em área protegidas na Amazônia.
Com índices de desmatamento batendo recordes sucessivos e quando os olhos do mundo se voltam cada vez mais para a Amazônia brasileira, especialmente após a Cúpula do Clima, promovida por Joe Biden, em que o presidente Jair Bolsonaro prometeu eliminar o desmatamento ilegal na maior floresta tropical do mundo até 2030.
“A conservação da Amazônia passa também pela proteção das populações que habitam a região. Exigimos o fim das violações de direitos humanos de brasileiros e brasileiras que vivem lá”, afirma Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil.
Eletronicamente a entidade entregou mais de 57 mil assinaturas de pessoas de 84 países da petição “Diga à JBS para não comprar gado ilegal da Amazônia”, à diretoria da empresa.
“A JBS precisa assumir um compromisso público em parceria com seus fornecedores, para indenizar indígenas e moradores das áreas protegidas onde houve criação de gado ilegal. A criação de gado ilegal favorece outras práticas também associadas às violações de direitos humanos como a grilagem, a invasão de terras e o desmatamento”, complementa Werneck.
Da Floresta à Fazenda
Legenda: Em 2019, a empresa comprou gado criado em fazendas ilegais no estado amazônico de Rondônia, segundo o relatório lançado pela Anistia (Imagem: Linkedin/JBS)
Paralelamente, a Anistia Internacional lançou a petição junto com o relatório Da Floresta à Fazenda , que denunciou a presença de gado criado de forma ilegal em áreas protegidas da floresta amazônica brasileira na cadeia da JBS.
O relatório revelou que, em 2019, a empresa comprou gado criado em fazendas ilegais no estado amazônico de Rondônia.
Localizadas em áreas protegidas, essas fazendas operavam ilegalmente na terra indígena Uru-Eu-Wau-Wau e nas Reservas Extrativistas do Rio Jacy-Paraná e Rio Ouro Preto.
“Apresentamos neste documento uma associação entre destruição da floresta, a criação de gado e violações de direitos humanos que precisa parar urgentemente”, conclui a diretora-executiva (Money Times, 1/5/21)