J&F rebate declarações da Paper Excellence sobre negociação da Eldorado
Legenda:Fábrica da Eldorado em Três Lagoas (Mato Grosso do Sul)
Segundo a holding dos irmãos Batista, não houve pedido de valor adicional pela empresa.
A J&F, holding dos negócios dos irmãos Joesley e Wesley Batista, rebateu neste domingo (14) as afirmações feitas pelo diretor-presidente da Paper Excellence, Claudio Cotrim, em entrevista à Folha.
Segundo Cotrim, teriam sido pedidos mais R$ 6 bilhões para fechar o negócio de compra e venda da Eldorado Papel e Celulose.
“Não é verdadeira a afirmação contida na entrevista sobre pedido de valor adicional pela empresa. Os fatos ocorreram de forma bem diversa, como até mesmo já foi apresentado pela J&F na ação que tramitou na Justiça brasileira”, afirmou a holding dos irmãos Batista, em nota.
Os dois grupos estão em impasse para a conclusão do negócio. Segundo Cotrim, Aguinaldo Gomes Ramos Filho, presidente da Eldorado, e José Antônio Batista da Costa, presidente da J&F, pediram mais dinheiro para concluir a venda. Eles são sobrinhos de Joesley e Wesley.
A J&F afirma que “Joesley e Wesley Batista não participam do dia a dia da Eldorado nem tomaram parte nas discussões sobre o negócio após a assinatura do contrato de compra e venda”.
Segundo a holding dos Batista, o afastamento dos irmãos da operação teria levado a Paper Excellence a propor termos diferentes daqueles exigidos pelo contrato assinado entre os dois grupos. Joesley e Wesley estão afastados após confessarem ter pago propinas a políticos.
“A condição do contrato era clara e objetiva: a liberação das garantias dadas pela J&F aos empréstimos da Eldorado no valor de R$ 8 bilhões”, afirma a J&F.
O negócio estimado em R$ 15 bilhões era para ter sido concluído em 3 de setembro de 2018. A divergência recai sobre a liberação de garantias que a família Batista deu a bancos pelos empréstimos da Eldorado.
A holding, em nota, diz que a Paper Excellence "é uma empresa administrada pela família Widjaja, que controla o grupo Asia Pulp & Paper, companhia que em 2001 foi responsável por um dos maiores calotes da história, deixando de pagar US$ 13,9 bilhões no mercado internacional”,.
“A má reputação financeira e a falta de transparência impedem o grupo de ter boa relação com bancos e investidores”, diz a J&F.
Segundo a holding, a Paper Excellence não apresentou documentos demonstrando quem seriam seus sócios. Isso, diz, aumentou “suas dificuldades junto às áreas de compliance dos bancos”.
A J&F afirma também que a Paper Excellence teve 12 meses para cumprir uma condição precedente ao fechamento do negócio, que era a liberação das garantias da J&F.
“Não cumpriu essa condição e, agora, levianamente alega que não fechou o negócio por suposta culpa da J&F”, diz. A holding diz que a Paper Excellence prioriza a estratégia jurídica ao diálogo.
“Na Justiça, a J&F venceu a disputa na primeira e na segunda instâncias. Agora, o caso seguiu para arbitragem, como já estava previsto no contrato. A J&F está convicta de que terá reconhecido o seu direito” (Folha de S.Paulo, 15/4/19)