02/04/2025

Juros maiores devem atrapalhar vendas de máquinas agrícolas

Juros maiores devem atrapalhar vendas de máquinas agrícolas

No ano passado, as vendas do setor de máquinas agrícolas caíram 20% na comparação com 2023. Foto Marcelo Beledeli – Globo Rural

Setor encaminhou pedido ao governo de um aporte de R$ 21 bilhões para o Moderfrota e mais R$ 7 bilhões para o Pronamp.

O novo Plano Safra que deve ser anunciado pelo governo em junho deverá ter um volume menor de recursos e juros maiores, reafirmou nesta terça-feira (1/4), em Ribeirão Preto (SP), Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq (CSMIA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Há duas semanas, o setor encaminhou pedido ao governo de um aporte de R$ 21 bilhões para a linha de financiamento do Moderfrota e mais R$ 7 bilhões para o Pronamp. No plano em vigor até 30 de junho, foi anunciado um total de R$ 17 bilhões para as duas linhas, mas os recursos se esgotaram antes do final de 2024.

“O interessante para o setor é que 65% das vendas de máquinas agrícolas sejam financiadas, mas o governo vai ter muita dificuldade em fazer o novo Plano de Safra porque os juros subiram e não há orçamento para a subvenção.”

Segundo Estevão, diante dos juros altos e da “falta de apetite” do Banco do Brasil de emprestar dinheiro ao agro neste ano, o produtor precisa usar mais recursos próprios e outros instrumentos como consórcio para adquirir máquinas.

Na avaliação do presidente da CSMIA, o remédio da taxa de juros alta usada pelo Banco Central para esfriar a economia não serve para o agro, que precisa de mais produção para combater a inflação de alimentos.

No ano passado, as vendas do setor caíram 20% na comparação com 2023. Para este ano, o dirigente disse que estima um aumento de 8,2% nas vendas em relação aos R$ 60 bilhões de 2024, mas a recuperação mesmo só deve vir em 2027. Isso porque 60% do mercado depende das vendas de máquinas para soja e milho e há uma super oferta de soja que deve persistir até o próximo ano, afetando os preços e reduzindo os investimentos do produtor (Globo Rural, 1/4/25)