17/08/2023

Leite: “Crise não termina com R$ 100 mi ou R$ 200 mi em compras do governo”

Leite: “Crise não termina com R$ 100 mi ou R$ 200 mi em compras do governo”

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O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, diz que a compra de leite em pó pelo governo federal não vai amenizar a crise do setor leiteiro, ao contrário, pode piorar.

 

"O nosso apelo é parar imediatamente a importação danosa e predatória de leite no Brasil. Precisamos de um freio de arrumação emergencialmente e parar a importação. Toda ajuda é bem-vinda, mas não serão R$ 100 milhões ou R$ 200 milhões de leite em pó que vão solucionar o problema, talvez piore porque será mais leite argentino no mercado", disse Borges, durante o Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite, organizado pela Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite (FPPL) na Câmara dos Deputados.

Segundo Borges, não há como efetuar a fiscalização da origem do leite comprado pelo governo federal e, portanto, poderia incluir leite do Mercosul, o que agravaria a superoferta no mercado brasileiro.

 

"Precisamos trabalhar - já que há boa vontade do governo - com medidas de médio e longo prazo. Precisamos que o governo faça o que tem que ser feito. Outros governos já fizeram e tem de ter vontade para fazer", pediu Borges, em referência à possibilidade de interrupção da importação de leite dos países do Mercosul.

Segundo Borges, a importação de leite geralmente representa de 1% a 3% dos volume consumido anualmente no País, o que neste ano saltou para 12%. "A importação de leite sempre foi um surto de 60 a 90 dias. Agora, estamos com esse problema desde agosto do ano passado e com recorde de importação. Volta a ser uma ameaça o Brasil voltar a ser dependente da importação de lácteos", observou.

No primeiro semestre deste ano, o Brasil importou 137,784 mil toneladas de lácteos, volume 181,15% superior ao internalizado na primeira metade do ano passado, de acordo com dados do Agrostat, sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro. Juntos, Argentina e Uruguai responderam por 125,628 mil toneladas importadas pela indústria brasileira neste ano (Broadcast, 16/8/23)