Leite não dá trégua à inflação e volta a subir no campo
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Preços de janeiro superam em 18% os de igual mês de 2022, descontada a inflação.
O preço do leite não dá trégua para a inflação. O valor do litro subiu para R$ 2,66 em janeiro no campo, na média nacional. É a maior média, em termos reais, para esse período do ano segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
O preço pago ao produtor em janeiro está com alta real de 18% em relação ao de igual mês do ano passado.
Valor do leite pago ao produtor em janeiro de 23 - Reprodução
O produto, que já vem tendo forte reajuste nos supermercados, deverá subir ainda mais. Nos 30 dias terminados em 21 deste mês, em relação aos 30 imediatamente anteriores, a alta acumulada na capital paulista foi de 4,4% para o leite longa vida.
Nos últimos 12 meses, o produto pesou 27% a mais no bolso dos consumidores, conforme acompanhamento de preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
O aumento do preço do leite neste período do ano é anormal, uma vez que a captação do produto tende a ser maior. Neste ano, porém, devido ao clima adverso, os produtores tiveram uma perda de 2,1% no volume captado em janeiro em relação a dezembro.
Os pecuaristas têm também uma perda de rendimento devido aos altos custos na produção, o que interfere nos investimentos e, consequentemente, no aumento da oferta. Em janeiro, o custo operacional subiu 0,7%, segundo Cepea. Em algumas regiões, o cenário é ainda pior. A limitação da produção em Minas Gerais fez o preço subir 22% em janeiro.
A menor oferta de leite continua em fevereiro, embora o Cepea ainda não tenha os dados finais do período. Em Minas Gerais, o leite voltou a subir no campo, atingindo média de R$ 3,05 por litro na primeira quinzena de fevereiro, 8% a mais do que em janeiro.
Poder de renda fraco e queda na demanda, no entanto, limitam as negociações das indústrias com os pontos de distribuição do produto.
A menor oferta interna e a alta dos preços favorecem as importações do setor, que atingiram o equivalente a 157 milhões de litros em janeiro, 2,3% a mais do que no primeiro mês de 2022 (Folha de S.Paulo, 1/3/23)