17/01/2019

Leite: Preços devem se elevar em fevereiro de 2019

Leite: Preços devem se elevar em fevereiro de 2019

As cotações do leite ao produtor terminaram o ano de 2018 em queda, movimento que deve se persistir em janeiro de 2019, segundo indicam pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. No entanto, a expectativa de agentes é de que já em fevereiro os preços possam sinalizar certa recuperação, fundamentados na oferta – que não está se elevando de forma intensa – e no aumento da competição entre empresas para assegurar matéria-prima. 

 

Apesar de, no geral, 2018 ter sido um ano de valorização do leite ao produtor, os custos de produção subiram justamente nos meses em que a receita do pecuarista recuou, contexto que freou novos investimentos. Além disso, no final de 2018, as assimetrias de informações e ações especulativas diminuíam a confiança de produtores em seguir aumentando a produção, limitando a oferta já em janeiro. Assim, a expectativa é de que os preços fiquem acima dos patamares observados no início de 2018, mas abaixo dos negociados no começo de em 2017. 

 

A produção de leite, contudo, pode ser estimulada ao longo de 2019, tendo em vista a possível maior disponibilidade de grãos neste ano. Segundo pesquisadores da área de grãos do Cepea, para a temporada 2018/19, é esperado aumento na oferta de milho no Brasil e no mundo. No Brasil, a elevação deve ocorrer devido aos maiores patamares de preços do cereal nos últimos meses e ao rápido semeio da soja na primeira safra, que favorecerá o cultivo da segunda temporada de milho. Com isso, deve haver aumento do excedente interno, mesmo com maior consumo, o que pode pressionar as cotações. Em termos mundiais, porém, a demanda deve aumentar mais que a oferta, pressionando os estoques e podendo elevar os preços internacionais. Espera-se, também, aumento nas transações internacionais, o que deve ser uma boa alternativa para as exportações brasileiras.

 

Do lado da demanda, o mercado espera que a possível retomada de crescimento da economia (com inflação controlada, taxa de juros baixa e melhora do mercado de trabalho) resulte em aumento no poder de compra de brasileiros, o que, por sua vez, tende a aquecer o consumo de lácteos. Ainda que a expectativa de aumento do PIB seja de modestos 2,5%, a perspectiva de elevação do poder de compra do brasileiro aumenta as possibilidades de maior ajuste entre oferta e demanda, o que diminui as expectativas de preços despencando, especialmente no primeiro trimestre de 2019. No entanto, é importante destacar que a sustentação desse cenário econômico favorável vai depender da habilidade do novo governo em aprovar medidas para controle dos gastos públicos.

 

Para o mercado internacional, o aumento da taxa de juros norte-americana para o ano de 2019 deve elevar o dólar, que pode ficar entre R$ 3,70 e R$ 3,80. Os preços internacionais dos lácteos podem estar ligeiramente menores em 2019, devido ao estoque elevado de leite em pó no final de 2018 e ao crescimento da produção da Nova Zelândia e dos Estados Unidos. Além disso, o consumo internacional pode se desacelerar, em função da disputa comercial entre China e Estados Unidos e da queda nos preços do petróleo. Assim, as importações de lácteos podem ser favorecidas. No que diz respeito às exportações, é possível maior participação brasileira no mercado mundial, por conta dos esforços conjuntos realizados nos últimos anos por organizações do setor.

 

É importante destacar que, em 2019, passam a vigorar as novas Instruções Normativas (IN) 76 e 77, que especificam padrões de identidade e qualidade do leite cru refrigerado, do tipo A e do pasteurizado. As novas INs representam um marco legal acerca da qualidade do leite, definindo critérios mais rígidos tanto para produtores quanto indústrias. Essas definições são importantes para elevar a qualidade do leite e dos lácteos e para aumentar a competitividade do produto brasileiro no mercado externo. No entanto, o atendimento desses critérios de qualidade exigirá esforço setorial, tendo em vista que nem todos os grupos de produtores e laticínios estão, neste momento, preparados para fazer as devidas adequações e, portanto, precisarão buscar assistência imediata para seguirem viáveis (Assessoria de Comunicação, 16/1/19)