Leite sobe no campo, mas custo limita renda de produtor
Legenda: Spray de água ajuda a refrescar as vacas no galpão da Fazenda Agrindus (SP); bem-estar dos animais ajuda a ampliar produção de leite Eduardo Knapp/Folhapress
Alta do farelo de soja foi de 110% nos últimos 12 meses; o milho teve reajuste de 63% no período.
O preço do leite recebido pelo produtor vai continuar favorável neste primeiro trimestre, superando o de igual período de 2019. No ano passado, a média, descontada a inflação, era de R$ 1,4655 por litro.
O leite teve forte evolução no ano passado por causa da menor oferta de produto, provocada por seca e por altas temperaturas, que prejudicaram as pastagens.
Com isso, o preço pago ao produtor atingiu R$ 2,1262 em dezembro, para o produto entregue em novembro. É o dado mais recente disponível.
Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), cujos técnicos esperam nova disputa pelo leite entre as indústrias de laticínios neste início de ano.
Essa alta recente dos preços do leite não é garantia, contudo, de reservas monetárias para melhoria e investimentos do produtor no setor. Os custos estão elevados e não têm um cenário de queda pela frente.
O milho, um dos principias componentes nos custos da alimentação dos animais, custa R$ 85 por saca na região de Campinas, 63% a mais do que há um ano.
Safra de verão menor no país e redução de produção em outros grandes produtores, como os Estados Unidos, manterão o produto cobiçado no mercado externo.
O mesmo ocorre com o farelo de soja, que tem pouca oferta neste período do ano. A tonelada está em R$ 2.734 em Campinas, 110% a mais do que em igual período de 2020.
Produtores e indústrias vão encontrar, ainda, dificuldades de repasses para os consumidores finais. A pandemia se expande, o desemprego aumenta e o auxílio emergencial terminou.
Déficit
As importações de leite e de derivados somaram 174 mil toneladas no ano passado e deixaram um déficit de 142 mil toneladas no setor, em relação às exportações. Só as compras de leite em pó atingiram 115 mil toneladas.
As vendas externas de lácteos foram de 33 mil toneladas, 33% acima das de 2019. As exportações foram puxadas pelo leite condensado, que acumulou 11 mil toneladas (Folha de S.Paulo, 20/1/21)