01/06/2022

Líderes digitais no agronegócio: um desafio a ser vencido

Líderes digitais no agronegócio: um desafio a ser vencido

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Setor que representa mais de 20% do PIB ainda é composto, em grande maioria, por companhias tradicionais que, aos poucos, começam a direcionar seu olhar para a digitalização

A digitalização é uma realidade em praticamente -- senão todos -- os setores econômicos. Cada vez mais novas tecnologias são utilizadas para facilitar processos e melhorar resultados. No agronegócio, uma das principais atividades da economia brasileira, que respondeu por 27,4% do PIB do Brasil em 2021, não é diferente.

De acordo com especialistas, a demanda por profissionais “tech oriented” (ou orientados pela tecnologia, em português), com alta consciência digital é cada dia maior. “Isso acontece especialmente com aqueles profissionais mais analíticos, conhecedores das técnicas de análises de dados”, explica Camila Maron (Foto), sócia da EXEC, empresa de Executive Search.


Segundo Maron, a transformação digital do agronegócio no Brasil já é uma realidade. “Para que haja a correta fusão entre o ‘agro tradicional’ e o ‘agro digital’ é necessário estar atentos a alguns pontos que poderão ajudar na mitigação de danos durante o processo de adaptação destes novos profissionais”, pontua.


Perfil dos profissionais: tradicional x digital


De acordo com a especialista da EXEC, um dos pontos importantes é entender o perfil dos profissionais que atuam em empresas tradicionais versus companhias mais digitais.


Na empresa tradicional, Camila ressalta a presença de executivos com conhecimento e maior foco em um único mercado, especialistas técnicos, formados em Agronomia e em Administração, profissionais com idades entre 35 e 50 anos em cargos de liderança e que possuem relacionamento analítico com os clientes. “Normalmente são focados em processos robustos, com foco em atender a necessidade da empresa. E os times são formados em grande parte por homens”, analisa.


Já em relação a uma companhia com um DNA mais digital, o cenário é diferente: times diversos em origens, credos, experiências e vivências, pessoas mais jovens, falta de conhecimento específico do mercado de agro e abertos a novas perspectivas e tecnologias emergentes.

 No entanto, a sócia da EXEC destaca que esses profissionais saem na frente, mesmo não sendo especialistas em agro, porque tem de sobra uma visão estratégica focada em solucionar a dor do cliente.

 Cuidado na seleção dos executivos

 Com perfis tão distintos, Camila alerta para a necessidade de ter cuidado na hora de selecionar executivos para o setor do agronegócio. “Se esse processo não for estruturado, sem levar em consideração as dores, o contexto do cliente e o propósito da empresa, o encontro de gerações e pensamentos pode causar um impacto na cultura da empresa e gerar diversos problemas”.

 A sócia da EXEC enumera alguns. Entre eles, o investimento em um setor de inovação que fica isolado da companhia para criar soluções digitais e não conseguir o resultado esperado. “Nesse caso, isso mostra que o departamento comercial ainda tem dificuldade de se engajar com aquela determinada solução”.


Outro ponto são as frustrações internas dos colaboradores analógicos e digitais, segundo ela, que faz com que a pluralidade perca a força.


Camila ressalta ainda que em uma empresa tradicional, um líder com mindset digital pode ser sentir desestimulado. “Isso pode acontecer devido à diferença de velocidade e o excesso de burocracias. Esse tipo de situação pode fazer com que ele rapidamente volte a ficar disponível para o mercado de trabalho”.


Vantagens no encontro de gerações


Por outro lado, a especialista da EXEC ressalta que se esses times forem liderados por um executivo com um perfil digital, que seja integrador e valorize as diferenças, o encontro de gerações e de perfis diferentes pode trazer vantagens para a companhia.


Impulsionamento da inovação, vantagens competitivas e desenvolvimento individual do negócio são algumas delas. “Isso tudo se traduz em valorizar e estimular as diferenças, deixando as pessoas à vontade para compartilhar suas ideias e criar um ambiente de trabalho mais saudável. Além disso, proporcionar um ambiente de integração entre times diversos para levar ao engajamento de áreas diferentes a um mesmo objetivo”, avalia Camila.


Jornada ainda é longa


Camila diz que quando a EXEC realiza o processo de seleção de um líder digital para um setor tradicional como o agronegócio, faz uma análise profunda da companhia, incluindo seus valores, objetivos para a posição e contexto para encontrar o executivo mais adequado.

 A jornada da digitalização é longa. Para ter um líder digital, é preciso que a empresa também invista em processos de transformação cultural e digital. “A caminhada só está começando”, conclui.

(*Camila Marion trabalha desde 2007 com Executive Search. É especialista em Agronegócio, Indústria e Bens de Consumo. Atualmente é sócia da EXEC, empresa dedicada a projetos de seleção de executivos, avaliação da efetividade de conselhos consultivos e de administração, estruturação e entrega de soluções de desenvolvimento humano e organizacional, com ênfase em transformação cultural e digital (Assessoria de Comunicação, 30/5/22)