Líderes no milho, brasileiros roubam mercado dos americanos
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Portos do Arco Norte permitem que Colômbia compre mais cereal do Brasil.
Os Estados Unidos divulgaram nesta terça-feira (7) os dados consolidados do fechamento do ano comercial mundial. O período vai de outubro de 2022 ao final de setembro último.
Os números, nos cálculos do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), confirmam a supremacia brasileira no comércio mundial de milho neste ano comercial. Os brasileiros colocaram 53,7 milhões de toneladas do cereal no mercado externo. Os americanos, líderes mundiais até então, exportaram 43 milhões.
O avanço do Brasil no mercado internacional já era conhecido, mas os novos números do Usda e da Secex, estes também divulgados nesta terça-feira, mostram novidades a favor do Brasil.
Os Estados Unidos perdem a liderança mundial neste ano porque tiveram uma safra abaixo do normal em 2022, mas os números indicam que alguns países estão trocando o mercado americano pelo brasileiro. E isso deverá continuar, mesmo com patamares maiores de produção nos EUA.
Vários países se destacam na redução do volume adquirido dos Estados Unidos neste ano comercial, mas dois deles podem já ter feito uma opção maior pelo produto brasileiro. Um deles, e que pode dar novo fôlego à produção do cereal no Brasil, é a China. Praticamente fora do mercado brasileiro até o ano passado, os chineses já adquiriram 11,4 milhões de toneladas de janeiro a outubro.
Aumentaram a presença no Brasil e diminuíram em 50% as compras nos Estados Unidos. No ano comercial de 2021, adquiriram 21 milhões de toneladas no mercado americano, volume que caiu para 15 milhões em 2022 e para 7,5 milhões neste.
Os colombianos também descobriram o mercado brasileiro e, devido à logística favorável dos portos do Arco Norte, vêm aumentando as compras por aqui.
As importações da Colômbia feitas nos Estados Unidos caíram de 5,3 milhões de toneladas, no ano comercial de 2020, para 2,6 milhões neste ano. De janeiro a outubro, as compras colombianas no Brasil subiram de 38 mil, em 2020, para 1,6 milhão neste ano, 99% delas feitas pelos portos do Arco Norte.
Os asiáticos Japão, Coreia do Sul e Taiwan também vêm aumentando as compras no Brasil, em detrimento das dos Estados Unidos, mas ainda continuam com boa participação no mercado americano.
O México, principal parceiro dos Estados Unidos no comércio de milho, importou 1,6 milhão de toneladas do Brasil de janeiro a outubro, o dobro do volume de igual período de 2022. As compras mexicanas nos EUA somam 16 milhões de toneladas.
A Espanha, importante participante do mercado internacional, reduziu as importações em 88% nos Estados Unidos no ano comercial de 2023, e em 44% no acumulado deste ano no Brasil.
O Usda acredita que o Brasil volte a superar os Estados Unidos nas exportações mundiais de milho na safra 2023/24. Os brasileiros colocariam 59 milhões de toneladas, e os americanos, 52,5 milhões.
Essa previsão deverá ser refeita no desenrolar da safra brasileira. A estimativa leva em consideração uma produção de safrinha cheia. Preços pouco atrativos e perda do período ideal para semear o cereal, devido ao atraso na soja, poderão afetar a intenção de plantio dos produtores (Folha, 8/11/23)