Lucro da Eletrobras despenca 96% para R$ 56 mi no primeiro trimestre
Elétrica teve perdas no segmento de distribuição e fez maiores provisões.
A Eletrobras registrou lucro líquido de R$ 56 milhões no primeiro trimestre, 96% inferior aos R$ 1,4 bilhão obtidos no mesmo período do ano passado. A queda foi provocada por perdas no segmento de distribuição, que a companhia tenta vender, e aumento nas provisões.
Nesta quarta (16), o governo publicou nova versão de decreto que inclui a estatal no PND (Plano Nacional de Desestatização), permitindo a contratação de estudos para a venda de ações antes de aprovação de projeto de lei no Congresso.
A queda no lucro da empresa teve forte impacto do desempenho do segmento de distribuição, que registrou prejuízo de R$ 1,9 bilhão no trimestre, quase o dobro dos R$ 1 bilhão verificados no mesmo período do ano anterior. As perdas foram puxadas pelo desempenho da Amazonas Energia, que teve prejuízo de R$ 1,3 bilhão nos primeiros três meses de 2018.
A Eletrobras controla seis distribuidoras nas regiões Norte e Nordeste e planejava vender as empresas em maio. O processo, porém, teve de ser adiado por prorrogação no prazo de análise da operação pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
O resultado da companhia no primeiro trimestre também foi afetado por maiores provisões: foram R$ 1 bilhão, contra R$ 600 milhões no trimestre anterior. Entre as razões, estão despesas com plano de demissão (R$ 272 milhões) e contingências (R$ 512 milhões).
A receita operacional líquida da Eletrobras aumentou 6% no trimestre, para R$ 87 bilhões. Já a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de impostos, taxas e amortizações) caiu 70%, para R$ 1,2 bilhão. A dívida líquida da companhia permaneceu em queda, passando de R$ 20,3 bilhões no primeiro trimestre de 2017 para R$ 18,6 bilhões.
PRIVATIZAÇÃO
Nesta quarta, o governo autorizou o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a iniciar processo de contratação de estudos para a venda de ações da Eletrobras, uma das principais bandeiras do governo Temer na área econômica.
Decreto publicado no Diário Oficial da União condiciona, porém, a assinatura do contrato para os estudos à aprovação do Projeto de Lei 9463/2018, que trata da privatização da estatal.
A proposta do governo é vender novas ações a investidores privados, eliminando a posição de controle que a União hoje detém na companhia. Com os recursos obtidos na operação, a Eletrobras poderá pagar para alterar o regime de venda de energia por suas hidrelétricas.
A maior parte delas vende energia no regime de cotas, que tem tarifas mais baixos, e a ideia é liberá-las para a venda no mercado a preços competitivos. No trimestre, as usinas da estatal que trabalham no regime de cotas deram prejuízo de R$ 104 milhões. As outras, lucro de R$ 680 milhões (Folha de S.Paulo, 17/5/18)