Lula escolhe Belém como sede da COP30 no Brasil
Lula e Helder Barbalho. Foto O Antagonista Divulgação
Presidente confirmou ao governador do Pará que a cidade deve ser sede do encontro em 2025; ONU ainda não definiu se evento será no país.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elegeu Belém como a capital para sediar a COP30, conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre mudanças climáticas.
O anúncio foi feito pelo governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), e confirmado em vídeo dos dois nas redes sociais em seguida.
O Brasil já pleiteia junto às Nações Unidas que o país seja a sede do evento, que ocorrerá em 2025. Helder foi reeleito ao governo do estado em outubro e também é presidente do Consórcio de Governadores da Amazônia.
"Estou aqui com o companheiro Helder parabenizando ele pelos 407 anos que completa amanhã [esta quinta-feira, 12] a cidade de Belém e dando uma boa notícia para ele que o Itamaraty formalizou a cidade de Belém como cidade que está disputando a candidatura para realizar a COP30 em Belém", disse Lula em vídeo.
De acordo com o presidente, o pedido foi oficializado pelo ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, na terça-feira, à ONU.
Pouco antes da publicação do vídeo, Helder fez o anúncio a jornalistas no Palácio do Planalto, após reunião com Lula na manhã desta quarta.
"Certamente um momento histórico em que a Amazônia estará a receber o maior evento em discussão climática do mundo", disse.
Esta era uma demanda do governador, que fez o pedido oficial ao chanceler Mauro Vieira na véspera, com o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), como mostrou o Painel.
A realização do encontro climático na Amazônia foi uma promessa feita por Lula ainda durante a transição, ao participar da COP27, edição do evento realizada no Egito, no ano passado.
Na ocasião, ele disse que falaria com o secretário-geral da ONU para pedir que o evento ocorresse no Brasil.
"Eu estou aqui para dizer para vocês que o Brasil está de volta ao mundo. O Brasil está saindo do casulo a que ele foi submetido ao longo dos últimos quatro anos. O Brasil não nasceu para ser um país isolado", afirmou o petista à época.
A presidência da COP do Clima tem rotatividade regional e volta a ser de um país latino-americano em 2025. A conferência teria acontecido no Brasil em 2019, mas foi cancelada por Bolsonaro ainda em 2018, logo após se eleger.
"A COP no Brasil seria um momento histórico para o país e para a agenda de clima. E ocorrer na Amazônia é simbólico. Mas meio ambiente não vive só de gestos bonitos. O Brasil é hoje o país que mais desmata floresta no mundo, e o Pará, o estado que mais desmata a Amazônia. É preciso chegar à COP30 com essa situação revertida", afirmou Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, rede que reúne dezenas de organizações socioambientais.
Nesta manhã, Helder foi questionado sobre a possibilidade de aumentar o efetivo do Ibama e do ICMBio, uma demanda das carreiras que estão com poucos servidores. O governador respondeu que é fundamental a estruturação dos órgãos de fiscalização, sem entrar em detalhes sobre eventuais novos concursos.
"Todos estamos em sintonia de que é fundamental que se combatam ilegalidades ambientais e, para tal, é fundamental que os órgãos fiscalizatórios estejam estruturados, sejam os de esfera federal, particularmente, Ibama e ICMBio, a convocação, se necessário for, das Forças Armadas, para atuar nas nas atividades de campo, como também os estados precisam cada vez mais avançar estruturando nas suas jurisdições a sua fiscalização", afirmou.
A respeito de novas GLOs (Garantia da Lei e da Ordem) na região, como fez o governo de Jair Bolsonaro (PL), Helder disse também, nesta manhã, defender toda e qualquer iniciativa para aumentar a fiscalização, mas disse que o instrumento de enviar militares para isso não está em estudo.
Ele disse ainda que alinhou com o presidente a construção de um grupo transversal para discutir o modelo de desenvolvimento da Amazônia, "que passe pelo enfrentamento de maneira ativa e forte do combate às ilegalidades ambientais, mas por outro lado se construa de maneira transversal o novo modelo de desenvolvimento econômico" (Folha de S.Paulo, 12/1/23)