Lula, o distribuidor de renda – Por Fernando Canzian

Foto Reprodução Blog Poder360
Faz sentido dar aumento real aos aposentados?
Luiz Inácio Lula da Silva teve alguns milhões de votos em 2022 de pessoas com repugnância merecida a Jair Bolsonaro. Foi por pouco: 50,9% a 49,1%.
O que o presidente entregou a essas pessoas que não gostam dele e que votaram nele na margem, talvez a contragosto, para evitar o pior?
O mundo e o Brasil não passam por uma pandemia ou crise financeira severa. Mesmo assim, Lula aumentará em mais de dez pontos percentuais a dívida pública brasileira em quatro anos.
Como? Gastando mais do que arrecada em impostos. Era isso o que os eleitores que deram a vitória a Lula queriam?
Há um preço nisso, pois investidores cobram mais de quem deve muito. E o mundo inteiro está mais endividado, o que fará os juros ficarem permanentemente mais caros por aqui.
O PT parece ser eficiente apenas na abundância, como nos anos 2000, no boom das commodities e do crescimento sem precedente da economia global naquela época. Mas tem uma dificuldade enorme em administrar e enxugar quando necessário.
A maior despesa pública atual está relacionada à Previdência, em que o indexador de reajuste é o salário mínimo. Lula quer dar aumento real aos aposentados. Acima da inflação a quem não trabalha mais. Faz sentido? Do ponto de vista populista, sim. Quem não quer aumento sem fazer nada?
Eleitores ilustres e esclarecidos de Lula, cirurgicamente contra Bolsonaro, se opõem a isso e têm sido massacrados por defender menos gastos na Previdência.
O fato é que o Brasil de hoje paga o terceiro maior juro real do mundo, por conta de medidas populistas de Lula, como essa do aumento real para aposentados.
Quem é minimamente rico ou tem algum dinheiro no banco agradece. Ganho de quase 10% ao ano sem fazer nada —à custa de muitos aposentados. É assim que Lula quer distribuir renda? (Folha, 10/5/25)