07/02/2025

Lula reclama de Paulo Teixeira, que vê fogo amigo sobre saída do governo

Lula reclama de Paulo Teixeira, que vê fogo amigo sobre saída do governo

Foto Divulgação MST

 

Petistas levantam a possibilidade de troca no ministério após críticas de Lula ao desempenho de Teixeira e à relação do governo com o MST; ao Estadão, ministro afirmou que não ouviu qualquer reclamação do presidente, com quem diz ter uma série de agendas previstas.

 

Enquanto articula uma reforma ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem demonstrado insatisfação com o desempenho de Paulo Teixeira no Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. As críticas internas já circulam no PT e alimentam especulações sobre uma possível saída do ministro, mas ninguém dá como certa a mudança.

 

Tanto o ministro quanto aliados atribuem os rumores a “fogo amigo” dentro do governo. Um petista próximo a Teixeira culpa especificamente o grupo de Paulo Pimenta, que foi demitido da Secretaria de Comunicação. Ao Estadão, Teixeira disse não ter recebido reclamações de Lula e ressaltou que tem várias agendas previstas com o presidente.

 

“Estamos fechando uma agenda com o presidente para lançar o assentamento de 12.500 famílias, 135 editais de assentamentos em 24 Estados e R$ 1,5 bilhão de créditos para moradia e fomento. Vamos lançar também, em outra agenda com o presidente, o Desenrola Rural, para trazer de volta 500 mil agricultores para o crédito agrícola”, afirmou ele. Sobre a possibilidade de deixar o governo, afirmou: “O cargo pertence ao presidente”.

 

A pessoas de sua confiança, Lula afirmou que a pasta entregou pouco nos dois anos de governo e criticou a relação conturbada com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O grupo tem uma relação histórica com o PT, mas se tornou um crítico da gestão neste terceiro mandato de Lula.

 

Em abril de 2024, como mostrou o Estadão/Broadcast, a entidade promoveu uma série invasões pelo País, que atingiram 18 Estados, em uma ofensiva que levou o governo a nomear sete novos superintendentes regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Na semana passada, Lula recebeu representantes do MST no Palácio do Planalto, e eles, mais uma vez, não pouparam críticas, chamando de “ridículo” o ritmo da reforma agrária do governo.

 

Além da relação com o MST, Lula acredita que Teixeira poderia ter agido para evitar crises em sua pasta, como a que envolveu o leilão para a compra de 263 mil toneladas de arroz, que acabou sendo anulado após indícios de falta de capacidade técnica e financeira das empresas em honrar os compromissos. Como revelou o Estadão na época, entre as empresas vencedoras do certame estavam uma fabricante de sorvetes, uma mercearia de bairro especializada em queijo e uma locadora de veículos.

 

Presidente da Conab é citado como possível substituto

 

A saída de Paulo Teixeira não é dada como certa por integrantes do PT, mas o nome de Edegar Pretto, presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), já circula como possível substituto. Petistas avaliam que, além de dar novo ritmo à pasta, a indicação de Pretto poderia também projetá-lo para a disputa ao governo do Rio Grande do Sul em 2026.

 

Embora Lula não esteja satisfeito com o desempenho de Paulo Teixeira, a demissão esbarra em um problema: ao deixar o cargo, Teixeira retomaria seu mandato como deputado federal, o que faria com que o deputado Vicentinho, amigo pessoal de Lula e terceiro suplente da bancada, perdesse a vaga.

 

Na avaliação de um petista ouvido pelo Estadão, isso não seria um empecilho, pois Vicentinho poderia ser acomodado em outro cargo.

 

Como mostrou o Estadão, a reforma ministerial deve sair do papel até março, e Lula pretende fazer as primeiras mudanças nas pastas ocupadas por integrantes do PT, para não se mostrar refém dos partidos do Centrão, que buscam mais espaço na Esplanada. A primeira troca foi na Comunicação, com a substituição de Paulo Pimenta pelo marqueteiro Sidônio Palmeira.

 

Há também expectativa de que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, assuma a Secretaria-Geral da Presidência, responsável pela interlocução do Palácio do Planalto com os movimentos sociais. Atualmente, a pasta é ocupada por Márcio Macêdo, cujo trabalho, na avaliação de Lula, está aquém do esperado (Estadão, 7/2/25)