Lula reclama de Paulo Teixeira, que vê fogo amigo sobre saída do governo
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Foto Divulgação MST
Petistas levantam a possibilidade de troca no ministério após críticas de Lula ao desempenho de Teixeira e à relação do governo com o MST; ao Estadão, ministro afirmou que não ouviu qualquer reclamação do presidente, com quem diz ter uma série de agendas previstas.
Enquanto articula uma reforma ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem demonstrado insatisfação com o desempenho de Paulo Teixeira no Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. As críticas internas já circulam no PT e alimentam especulações sobre uma possível saída do ministro, mas ninguém dá como certa a mudança.
Tanto o ministro quanto aliados atribuem os rumores a “fogo amigo” dentro do governo. Um petista próximo a Teixeira culpa especificamente o grupo de Paulo Pimenta, que foi demitido da Secretaria de Comunicação. Ao Estadão, Teixeira disse não ter recebido reclamações de Lula e ressaltou que tem várias agendas previstas com o presidente.
“Estamos fechando uma agenda com o presidente para lançar o assentamento de 12.500 famílias, 135 editais de assentamentos em 24 Estados e R$ 1,5 bilhão de créditos para moradia e fomento. Vamos lançar também, em outra agenda com o presidente, o Desenrola Rural, para trazer de volta 500 mil agricultores para o crédito agrícola”, afirmou ele. Sobre a possibilidade de deixar o governo, afirmou: “O cargo pertence ao presidente”.
A pessoas de sua confiança, Lula afirmou que a pasta entregou pouco nos dois anos de governo e criticou a relação conturbada com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O grupo tem uma relação histórica com o PT, mas se tornou um crítico da gestão neste terceiro mandato de Lula.
Em abril de 2024, como mostrou o Estadão/Broadcast, a entidade promoveu uma série invasões pelo País, que atingiram 18 Estados, em uma ofensiva que levou o governo a nomear sete novos superintendentes regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Na semana passada, Lula recebeu representantes do MST no Palácio do Planalto, e eles, mais uma vez, não pouparam críticas, chamando de “ridículo” o ritmo da reforma agrária do governo.
Além da relação com o MST, Lula acredita que Teixeira poderia ter agido para evitar crises em sua pasta, como a que envolveu o leilão para a compra de 263 mil toneladas de arroz, que acabou sendo anulado após indícios de falta de capacidade técnica e financeira das empresas em honrar os compromissos. Como revelou o Estadão na época, entre as empresas vencedoras do certame estavam uma fabricante de sorvetes, uma mercearia de bairro especializada em queijo e uma locadora de veículos.
Presidente da Conab é citado como possível substituto
A saída de Paulo Teixeira não é dada como certa por integrantes do PT, mas o nome de Edegar Pretto, presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), já circula como possível substituto. Petistas avaliam que, além de dar novo ritmo à pasta, a indicação de Pretto poderia também projetá-lo para a disputa ao governo do Rio Grande do Sul em 2026.
Embora Lula não esteja satisfeito com o desempenho de Paulo Teixeira, a demissão esbarra em um problema: ao deixar o cargo, Teixeira retomaria seu mandato como deputado federal, o que faria com que o deputado Vicentinho, amigo pessoal de Lula e terceiro suplente da bancada, perdesse a vaga.
Na avaliação de um petista ouvido pelo Estadão, isso não seria um empecilho, pois Vicentinho poderia ser acomodado em outro cargo.
Como mostrou o Estadão, a reforma ministerial deve sair do papel até março, e Lula pretende fazer as primeiras mudanças nas pastas ocupadas por integrantes do PT, para não se mostrar refém dos partidos do Centrão, que buscam mais espaço na Esplanada. A primeira troca foi na Comunicação, com a substituição de Paulo Pimenta pelo marqueteiro Sidônio Palmeira.
Há também expectativa de que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, assuma a Secretaria-Geral da Presidência, responsável pela interlocução do Palácio do Planalto com os movimentos sociais. Atualmente, a pasta é ocupada por Márcio Macêdo, cujo trabalho, na avaliação de Lula, está aquém do esperado (Estadão, 7/2/25)