26/09/2024

Lula/NY: Bonde de 100 pessoas só para cumprir papel de anão diplomático

Lula/NY:  Bonde de 100 pessoas só para cumprir papel de anão diplomático

O presidente Lula conversa com a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. Foto Wilton Junior - Estadão

 

Por J.R. Guzzo

Seus estrategistas têm uma miragem em que ele aparece como salvador do meio ambiente mundial, enquanto ele preside um país que vive piores incêndios florestais em 20 anos

presidente Lula e o seu governo não conseguem mais dar dois passos, para qualquer lado, sem criar um escândalo. Também não conseguem, há muito tempo, articular duas sentenças coerentes em seguida quando pretendem explicar o que estão fazendo em suas funções. O resultado tem sido essa sequência cada vez mais alarmante de agressões à moralidade pública, à inteligência comum e aos requisitos mais elementares da competência que se exige para administrar uma barraca de feira.

Dá a impressão de psicose em estágio clínico já avançado, e possivelmente irreversível. Passa pela cabeça de alguém, isso para se ficar apenas no último surto, que Lula vá a Nova York para ler um discurso na ONU e leve consigo uma comitiva com mais de 100 pessoas - que já tinha torrado, até a hora do desembarque, R$ 750 mil? Para começar, ninguém na plateia prestou a menor atenção ao que ele estava dizendo. Nunca prestam. Mas há muito tempo não havia, como desta vez, tanta expectativa de nada.

É claro que não. Lula, em seus 21 meses de governo, quis se exibir como líder internacional de Terceiro Mundo – tudo o que conseguiu até agora foi se tornar o Bobo Alegre número 1 do planeta. Fala, fala e fala, mas nunca faz nexo. Os ouvintes se cansam, naturalmente, e o resultado prático é que já esqueceram dele para qualquer conversa séria. A sua equipe de relações públicas continua falando em geopolítica, “novo balanço” de forças no mundo, “projeção de poder”, Sul Global e outras bobagens. Mas nem ela acredita no que fala.

Já estaria ruim o suficiente se as coisas ficassem aí, mas não ficam. Cada viagem dessas é uma espetacular exibição de assalto ao dinheiro de quem paga imposto neste país – uma compulsão desesperada em saquear, antes que a polícia chegue, tudo o que está nas prateleiras do supermercado. Não pode ser por acaso. Ninguém leva por acaso mais de 100 pessoas numa viagem de luxo a Nova York, paga com dinheiro do Erário Público; é má intenção direto na veia.

 

O que esse cardume todo foi fazer em Nova York? Não é possível, por nenhum critério, mandar 100 pessoas para ajudarem o presidente numa viagem oficial – ainda mais quando se leva em conta que ele não iria fazer nada na viagem em questão. Ajudar como? Esse último bonde de Lula levou para Nova York, por exemplo, uma ministra da “Gestão e Inovação em Serviço Públicos”. Estamos, aí, em pleno deboche. Já não deveria existir esse Ministério, que até hoje não geriu e nem inovou absolutamente nada – quem é capaz de citar uma única obra da ministra? Vira piada total quando ela vai com Lula para a ONU, onde não existe a menor possibilidade de tratar qualquer assunto de gestão ou de inovação.

 

Para pior dos pecados, a viagem da ministra da Gestão foi justamente a mais cara – só a sua passagem ficou em R$ 46 mil. (A explicação que deu para este despropósito é a seguinte: “nesta época”, as passagens para Nova York são “muito caras”.) É juntar inutilidade a desperdício de dinheiro que não é dela, o que fica ainda pior quando Lula repete, dia e noite, que “o governo” não tem um tostão furado – e que só pode realizar seu sonho de ajudar os pobres se aumentar os impostos. Então por que está pagando a viagem da aspone a Nova York?

E o Advogado-Geral da União, então? Acredite se quiser, mas você pagou a viagem dele também. Que raios a Advocacia-Geral da União tem a ver com a Assembleia Geral da ONU? Será que Lula precisa de um advogado-geral quando vai a Nova York? O resto desse trem da alegria é a mesma lástima. Foram capazes de levar quatro gatos gordos da Controladoria Geral da União, a ministra dos “Povos Indígenas” e sua corte de assessores (seis, no caso) e dois funcionários de uma desconhecida Secretaria Nacional de Juventude da Secretaria Geral da Presidência da República.

Houve gente dos “ministérios” que Lula inventou para fazer “reforma agrária”, promover a “igualdade racial” e combater “a fome”. Que trabalho eles podem ter feito em Nova York? É especialmente cômica a ideia de que mandaram para você a conta dos restaurantes em que a turma do combate “à fome” foi encher o bucho em Nova York. Que tal? Não podia faltar, enfim, a armada da divisão de propaganda. Conseguiram, desta vez, levar para Nova York nada menos que dezesseis serventuários da Secretaria de Comunicação.

Quanto à discurseira, nenhum tipo de novidade. Tudo se resumiu a Lula representando de novo o seu papel de anão diplomático – quanto mais ele fala ao mundo, mais anão o Brasil fica. Seus estrategistas em geopolítica, com a inspiração de Janja e outros cientistas sociais, têm uma miragem recorrente em que Lula aparece como líder supremo do “enfrentamento” à “mudança do clima” e salvador do meio ambiente mundial. Na vida real, ele preside um país que está vivendo os seus piores incêndios florestais dos últimos vinte anos – e que não tem a mais remota ideia do que o seu governo pode fazer a respeito. Tudo o que conseguiu, em Nova York, foi jogar mais uma vez a culpa nos outros – na “mudança do clima”, nos países ricos, no capitalismo e nos seus suspeitos de sempre.

O presidente e o seu ministro “de facto” do exterior fizeram questão de confirmar na ONU, mais uma vez, a sua aversão fundamental aos regimes democráticos. (A única participação visível do ministro oficial foi aparecer com os fones de tradução simultânea ouvindo um discurso de Lula - em português.) Não aceitam em nenhuma circunstância admitir o que o resto do mundo já reconheceu há muito tempo – que a Venezuela é uma ditadura e que o seu amigo Nicolás Maduro roubou a última eleição. Continuam fixados na crença de que o farol para a humanidade está localizado entre os terroristas do Hamas e os terroristas do Irã. O resto é viagem e torração de dinheiro do Tesouro Nacional (Estadão, 26/9/24)



Por que a passagem de avião da ministra Esther Dweck para Nova York custou R$ 46 mil? Entenda

Esther Dweck, ministra da Gestão do governo Lula Foto Lucas Landau  MGI

 

Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos diz que preço elevado se deve à alta temporada na cidade norte-americana.

Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos gastou R$ 45.851,90 em duas passagens aéreas em classe executiva – ida e volta de Brasília a Nova York – para a ministra Esther Dweck participar de uma série de agendas nos Estados Unidos.

A ministra integra a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para acompanhá-lo na 79ª reunião da Assembleia-Geral da ONU. As informações foram reunidas pelo Estadão usando dados do Diário Oficial da União (DOU) e do Painel de Viagens do Ministério da Gestão e Inovação.

 

O gasto mais elevado até o momento, entre os 100 acompanhantes do presidente, é o da ministra Esther Dweck, somando mais de R$ 61 mil. Grande parte se deve ao preço elevado das passagens de ida e volta, no valor total de R$ 45.851,90, segundo dados do Painel de Viagens do próprio MGI. As passagens de Esther Dweck para Nova York foram emitidas por uma empresa de Curitiba, chamada Brematur Passagens e Turismo LTDA.

Os dados do Painel de Viagens do MGI mostram que a viagem foi solicitada no dia 14 de agosto, e que o bilhete aéreo foi emitido no dia seguinte, 15 de agosto. A viagem teve início pouco mais de um mês depois, na última sexta-feira, 20.

A companhia aérea que operou o voo foi a Latam – o que não significa, necessariamente, que a ministra voou até os EUA pela companhia. Dweck também recebeu seis diárias para cobrir os gastos na cidade, que somaram R$ 14.952,58. A ministra tem previsão de retorno ao Brasil para esta quinta-feira, 26.

Esta não é a primeira vez que a ministra vai a Nova York neste ano. Ela também esteve lá em março, entre os dias 12 e 16 para a 68ª Sessão da Comissão da ONU sobre a Situação das Mulheres (CSW, na sigla em inglês). Na ocasião, as passagens de ida e volta, operadas pela American Airlines, saíram por R$ 27 mil. Também participaram do evento a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), entre outras pessoas.

Ao Estadão, a pasta disse que a passagem da atual viagem foi comprada no dia 14 de agosto, por uma agência de viagens licitada. “Importante ressaltar que nesta época do ano as passagens para Nova York são mais caras em virtude da alta demanda”, disse o MGI, em nota.

 

Além de eventos paralelos à Assembleia Geral, Dweck também participou de reuniões bilaterais, “incluindo reuniões com os presidentes do BID e do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), como atual presidenta do Centro Latinoamericano de Administración para el Desarrollo (CLAD)”, disse a assessoria.

As reuniões da Assembleia Geral das Nações Unidas ocorrem, tradicionalmente, no fim do mês de setembro. A 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas ocorreu entre 19 e 23 de setembro de 2023, em Nova York, assim como a edição anterior, entre os dias 20 a 26 de setembro de 2022.

Em uma consulta feita nesta quarta-feira, 25, em sites de venda de passagens aéreas, como Google Flights e Decolar, é possível localizar passagens entre o Aeroporto Internacional de Brasília e o Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em Nova York, em classe executiva, saindo desta quarta-feira, com volta programada após cinco dias – o mesmo período da estadia de Dweck aos EUA – por R$ 45 mil.

Caso a passagem fosse comprada com um mês de antecedência, como foi feito pela pasta da ministra, o valor seria de cerca de R$ 27 mil, entre os dias 20 e 26 de outubro, e cerca de R$ 15 mil, se o prazo fosse estendido para seis meses, com previsão de ida e volta para fevereiro de 2025. O valor é consideravelmente mais baixo por se tratar de baixa temporada em Nova York, que ocorre entre os meses de janeiro e março.

A consulta do Estadão levou em consideração o valor mais baixo para passagens com apenas uma parada no trajeto e o menor tempo de deslocamento entre as duas cidades (Estadão, 26/9/24)