24/01/2020

Malásia compra açúcar da Índia para resolver disputa sobre óleo de palma

Malásia compra açúcar da Índia para resolver disputa sobre óleo de palma

Legenda: Trabalhador carrega um maço de cana na cabeça em uma fazenda perto de Modinagar, no Estado de Uttar Pradesh, na Índia

A principal refinadora de açúcar da Malásia anunciou que vai aumentar as compras da commodity junto à Índia —o que, segundo duas fontes, faz parte de um esforço para apaziguar a situação malaia com Nova Délhi, em meio a uma disputa a respeito de importações de óleo de palma.

A MSM Malaysia Holdings Berhad comprará 130 mil toneladas de açúcar bruto da Índia no primeiro trimestre, em negócios avaliados em 200 milhões de ringgits (49,20 milhões de dólares), disse a empresa à Reuters. Em 2019, a companhia adquiriu cerca de 88 mil toneladas de açúcar bruto indiano.

A MSM é o braço de refino de açúcar da FGV Holdings, maior produtora de óleo de palma do mundo, que por sua vez é uma unidade da estatal malaia Federal Land Development Authority (Felda).

A empresa não citou a disputa relacionada ao comércio de óleo de palma como uma razão para o incremento nas aquisições.

Mas as duas fontes, familiarizadas com as negociações entre a empresa e o governo sobre as compras, disseram que trata-se de uma tentativa de acalmar a Índia, que vem pedindo à Malásia para que o déficit comercial entre os países seja reduzido.

A Índia, maior compradora de óleos vegetais do mundo, efetivamente interrompeu as importações de óleo de palma malaio no mês passado, aparentemente em retaliação a comentários do primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, criticando a política de Nova Délhi sobre a Caxemira.

A Malásia afirmou que irá procurar outros mercados para a venda de óleo de palma, mas isso pode não ser tão simples, já que a Índia foi a maior compradora do produto malaio nos últimos cinco anos, adquirindo 4,4 milhões de toneladas em 2019.

Por outro lado, a Malásia importou um total de 1,95 milhão de toneladas de açúcar bruto da Índia em 2019, de acordo com dados da Organização Internacional do Açúcar disponibilizados no Refinitiv Eikon. Geralmente o país compra mais açúcar do Brasil e da Tailândia do que da Índia (Reuters, 23/1/20)