Manutenção em unidades da Petrobras aciona térmicas caras
Operação na plataforma de Mexilhão reduzirá a oferta de gás para Sudeste e Nordeste.
Manutenções programadas em uma plataforma e em termelétricas a gás da Petrobras entre esta semana e meados de setembro deverão exigir no período um maior acionamento de térmicas a óleo. Elas são mais caras e poluentes.
A medida visa atender à demanda por energia em meio à falta de chuvas nas hidrelétricas, segundo informações de autoridades e especialistas.
Os efeitos da parada nas usinas da estatal chegaram a acender um alerta na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
O órgão questionou nesta semana o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) sobre a possibilidade de reprogramação ou reescalonamento, mesmo que em caráter parcial, nas atividades de manutenção.
Isso porque o acionamento dessas térmicas resultará em custos adicionais para as distribuidoras de energia, que em algum momento chegarão às contas dos consumidores.
Segundo o documento da Aneel ao ONS, uma operação de manutenção na plataforma de Mexilhão até o início de setembro reduzirá a oferta de gás para o Sudeste e o Nordeste, e a Petrobras aproveitará para realizar reparos em térmicas.
"Ocorre que a referida manutenção foi programada para o período seco. Essa condição sugere que, sob a ótica do setor elétrico, o momento escolhido para a parada não tenha sido o mais adequado, visto que o sistema demanda a geração térmica para preservar água nos reservatórios", argumentou a agência.
As hidrelétricas são a principal fonte de energia do Brasil, mas, após o fim do período de chuvas, que vai até abril, é normal o acionamento de térmicas para complementar o atendimento à demanda, o que acontece em ordem crescente, das com menor custo até as mais caras, que são as unidades a óleo e diesel.
Atualmente, estão acionadas usinas a gás e carvão, e apenas uma térmica a óleo, a UTE Bahia I, mas especialistas têm a avaliação de que mais unidades a óleo deverão ser acionadas no próximo mês, com o início da parada nos empreendimentos da Petrobras.
Procurado, o ONS informou que as paradas para manutenção não trazem "nenhum risco para a operação do sistema elétrico" e que as usinas "serão substituídas por outras fontes de geração disponíveis" (Folha de S.Paulo, 26/7/18)