09/01/2023

Marina diz que Brasil vai retomar protagonismo ambiental

Marina diz que Brasil vai retomar protagonismo ambiental

MARINA SILVA Foto DW  Deutsche Welle

Ao tomar posse no Ministério do Meio Ambiente pela segunda vez, Marina Silva fez críticas à gestão anterior e disse que o país deixará de ser pária internacional na área ambiental.

A nova ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, garantiu nesta quarta-feira (04/01) que o Brasil voltará a ser protagonista e líder ambiental, depois dos "retrocessos" no governo de Jair Bolsonaro.

Numa sala no Palácio do planalto lotada com cerca de mil convidados, entre políticos, ativistas ambientais, indígenas, amigos e jornalistas nacionais e internacionais, Marina Silva assumiu hoje oficialmente o cargo de ministra do governo Lula, 14 anos depois de ocupar a pasta pela primeira vez.

"O governo brasileiro que sempre foi protagonista nessa discussão não se furtará a exercer esse papel de liderança nacional e internacional" afirmou Marina, que tem sido uma referência mundial no campo da ecologia durante décadas.

"Vamos liderar pelo exemplo" e o Brasil honrará todos os seus compromissos, frisou a nova ministra. "Essa garantia, é dada por "alguém que se criou no meio da mata", disse, referindo-se ao facto de ter nascido em Breu Velho, uma aldeia no interior do estado do Acre, onde sobreviveu caçando e pescando como os seus onze irmãos, três dos quais morreram quando eram crianças.

Marina Silva disse ainda que a inclusão da "Mudança do Clima" não é retórica. "A emergência climática se impõe", disse Marina Silva. "Queremos destacar a devida prioridade daquele que é o maior desafio global presentemente na humanidade. Países, pessoas e ecossistémicas mostraram-se cada vez menos capazes de lidar com as consequências e comprovadamente os mais pobres são os mais afetados", frisou a nova ministra.

"O Brasil tem um enorme desafio para honrar os compromissos assumidos no Acordo de Paris" como consequência do desmatamento que se acirrou nos últimos quatro anos, disse, anunciando o regresso da secretária nacional de mudança climática, que o governo de Jair Bolsonaro extinguiu. Durante a administração Bolsonaro, o Brasil aumentou, em vez de reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

Apesar de nunca ter dito o nome de Jair Bolsonaro ao longo do seu longo discurso, Marina frisou que o "Palácio foi palco de vários atos contra o meio ambiente, contra interesses estratégicos do Brasil".

"Os anos que se passaram foram de um completo desrespeito", prosseguiu, insistindo que "o Brasil que antes era um expoente e ator na esfera global, passou a ser visto como um pária ambiental".

A nova ministra acusou ainda o governo Jair Bolsonaro de ter incentivado desmatamento descontrolado, e ter colocado terras indígenas e unidades de conservação à mercê do crime ambiental. "Boiadas passaram no lugar onde deveriam passar apenas políticas de proteção ambiental. O estrago só não foi maior porque as organizações da sociedade, os servidores públicos, vários parlamentares, o Ministério Público e a alta corte do poder judiciário se somaram em defesa do meio ambiente", disse, fazendo referência a uma fala do seu antecessor no cargo, o bolsonarista Ricardo Salles (DW, 4/1/23)