Mercado otimista aposta em safra de soja do Brasil mais perto de recorde
O otimismo do mercado em relação à safra de soja 2017/18 do Brasil aumentou, e consultorias e instituições projetam, em média, uma produção já mais próxima do recorde registrado na temporada anterior, de acordo com a mais recente pesquisa da Reuters sobre o ciclo atual.
Pelo levantamento, que consultou 11 agentes do mercado, o Brasil deverá produzir na safra vigente, já em colheita, 112,6 milhões de toneladas da oleaginosa, volume inferior apenas ao de 114,1 milhões de 2016/17 e acima do considerado na pesquisa anterior, de 110,2 milhões.
Na quinta-feira, dois importantes órgãos governamentais, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), atualizarão suas projeções para a safra do Brasil.
Na média, a previsão de área plantada com soja no maior exportador global da oleaginosa é de um recorde de quase 35 milhões de hectares, e segundo a consultoria AgRural há colheita em mais de 6 por cento desse total, em linha com a média histórica recente, mas inferior na comparação anual.
A consultoria figura como a mais otimista dentre as ouvidas pela pesquisa, prevendo inclusive uma produção superior à de 2016/17, com 116,2 milhões de toneladas.
“O aumento... deveu-se a ajustes positivos nas produtividades esperadas no Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Rondônia e nos três Estados do Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul)”, explicou a AgRural em comunicado divulgado na semana passada, quando atualizou seus números.
O otimismo atual contrasta com as preocupações no início do plantio, em meio a uma seca.
“O clima se mostrou irregular no início da temporada, mas se comportou bem principalmente nas últimas semanas, fazendo com que algumas regiões que sentiam ‘estresse’ conseguissem boa recuperação nas condições, contribuindo para uma produtividade ligeiramente acima do esperado”, comentou à Reuters o diretor da Cerealpar, Steve Cachia.
Mais conservador, o Rabobank avalia a safra 2017/18 apenas como “dentro da normalidade”, estimando colheita de 111 milhões de toneladas.
“Apesar da área maior, este ano temos verificado alguns problemas pontuais que justificam uma redução de produtividade. Entre esses problemas podemos citar alguns períodos de falta de chuvas em algumas regiões produtoras no Sul do país durante o mês de dezembro”, afirmou Victor Ikeda, analista da instituição.
Com efeito, o Rio Grande do Sul é o Estado onde, desde o plantio, há sinal amarelo quanto à qualidade da safra. Em razão de condições climáticas favoráveis para fenômeno La Niña, a região recebeu menos chuvas do que o normal, cenário que tende a se manter em fevereiro.
Conforme o Agriculture Weather Dashboard, do terminal Eikon da Thomson Reuters, as precipitações no Rio Grande do Sul devem ficar abaixo da média histórica para as próximas duas semanas.
MILHO
Também em colheita Brasil afora, o milho de primeira safra, o chamado “verão”, mostrou-se mais consolidado e sofreu poucas alterações nas estimativas de analistas e instituições ouvidas pela Reuters.
Na média de oito previsões, é esperada uma colheita de 25,34 milhões de toneladas em uma área de 4,84 milhões de hectares --no levantamento anterior, eram 25,27 milhões e 4,88 milhões, respectivamente.
As projeções são, contudo, sensivelmente menores frente o registrado em 2016/17. No caso da produção, a queda deve ser de 17 por cento, enquanto a área deve recuar quase 12 por cento.
A razão por trás disso são os preços, que caíram após uma produção recorde no ano passado e foram considerados pouco atrativos por produtores.
Segundo o monitoramento diário do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a saca de 60 kg do cereal gira atualmente em torno de 33 reais, ante mais de 36 reais há um ano e bem longe dos 50 reais vistos em meados de 2016, durante uma quebra de safra por causa da seca.
Na fase de plantio, no último trimestre do ano passado, chegou a cair abaixo de 30 reais (Reuters, 7/2/18)
Soja: USDA vê safra brasileira alcançar 112,5 mi de t, -1,4% ante 2016/17
A produção de soja do Brasil deve atingir 112,5 milhões de toneladas na temporada 2017/18, segunda maior da história, representando queda de 1,4% na comparação com a temporada anterior, que foi recorde de 114,1 milhões de t, conforme apontou em relatório o adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no Brasil. O número é 2,27% maior do que a estimativa do USDA de janeiro, de 110 milhões de t.
Apesar da maior área plantada esperada para o País, a produção deve ser prejudicada pelo clima na região Sul, que diminuirá a produtividade média de 3,36 toneladas por hectare em 2016/17 para 3,21 toneladas por hectare em 2017/18.
Ainda de acordo com o adido, as exportações de soja em grão devem continuar sustentadas pela forte demanda chinesa e alcançar 65 milhões de toneladas, recuo de 4,8% na comparação com a temporada 2016/17 (68,3 milhões de t).
O processamento da oleaginosa deve avançar para 2%, de 42,5 milhões de t para 43,5 milhões de toneladas, sustentado pela maior mistura de biodiesel no diesel, ganhos nas exportações de farelo e consumo interno (Broadcast, 7/2/18)