25/01/2018

Mercosul-UE: Única reforça pleitos do setor em reunião com Blairo Maggi

 Produtores e governos discutem estratégias para aumentar venda de produtos brasileiros na Europa

 

 

O setor sucroenergético mais uma vez enfatizou a sua posição frente às negociações entre Mercosul e União Europeia (UE) durante um encontro que reuniu representantes de diferentes entidades do agronegócio brasileiro com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, na última segunda-feira (22/01), em Bruxelas.

Na oportunidade, a assessora sênior da presidência da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) para Assuntos Internacionais, Geraldine Kutas, defendeu os interesses dos produtos sucroenergéticos brasileiros no Acordo que vem sendo discutido com os europeus, como a extinção da tarifa de 98 euros por tonelada de açúcar exportada, a adoção de uma quota de 600 mil toneladas para etanol combustível e o acesso livre do álcool industrial embarcado para a UE.

“Destacamos a importância da inclusão destes pontos como forma de fortalecer o comércio internacional e o desenvolvimento econômico”, afirma a executiva da UNICA.

Açúcar

Em relação à questão do açúcar, Géraldine Kutas esclarece que o Brasil espera uma contrapartida da UE. “Todas as cotas do produto oferecidas pelo bloco europeu aos seus parceiros comerciais com quem tem acordo de livre comércio são com tarifa zero. Nossa proposta é que isso se aplique ao Brasil também", explica. Apesar da oferta europeia para o açúcar brasileiro ser muito baixa (100 mil toneladas) em relação à atual (410 mil toneladas), os produtores europeus defendem a retirada do produto das negociações.

“Alegam que a abertura do comércio impactaria negativamente seus negócios e insistem em afirmar que o governo brasileiro subsidia a produção local. Mas dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), nos últimos cinco anos, indicam que Europa apoiou o setor de açúcar 20 vezes mais. Não existem subsídios desta natureza em nosso país, nem por meio de normas regulatórias nem por financiamentos para artificialmente impulsionar competitividade”, ressalta a representante da indústria canavieira.

Etanol

Sobre o etanol, Géraldine esclarece que a tarifa de importação atual, na prática, impede que o consumidor europeu tenha acesso ao etanol de cana brasileiro, considerado o mais sustentável do ponto de vista ambiental. A UE propôs uma cota de 600 mil toneladas cobrando 6,4 centavos de euros por litro de etanol não-desnaturado e 3,4 centavos de euros por litro do produto desnaturado. “O pleito do Brasil é uma quota de 600 mil toneladas para o biocombustível e um acesso livre, com tarifa zero, para etanol utilizado para outros fins. Com maior abertura comercial, os europeus também poderiam se beneficiar com a redução dos preços do biocombustível”, frisa.

O encontro com o ministro Blairo Maggi teve como pauta principal as exportações de carne para Europa. Também participaram das discussões executivos da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) (Única, 24/1/18)