17/01/2020

Mesmo após acordo com EUA, China deve preferir comprar soja do Brasil

Mesmo após acordo com EUA, China deve preferir comprar soja do Brasil

Como a safra do grão acontece neste momento, seria mais fácil para os chineses comprarem o produto do Brasil; no entanto, milho e trigo norte-americanos podem ser beneficiados.

 

O momento de a China comprar mais soja nos Estados Unidos pode ter passado, mas o país asiático pode buscar milho e trigo norte-americanos, apontou o analista Michael McDougall, da Paragon. Ele destaca que as ofertas de soja do Brasil começam a ficar mais competitivas no exterior com o começo da colheita da safra nacional. “O mercado já está favorecendo o Brasil”, afirmou. 

“A maior parte das compras chinesas viria do setor privado, e ele não vai operar no prejuízo. É meio irônico que os EUA estão tentando limitar o favorecimento das companhias estatais, uma vez que, se saírem compras mesmo, elas devem vir das estatais para aumentar estoques”, comentou. 

McDougall destacou que, recentemente, a China fez compras de ‘boa fé’ nos EUA, para tentar ‘adoçar o acordo’ que seria assinado entre os dois países. “Mas fizeram isso porque fez sentido economicamente. Não foi nenhum sacrifício”, ressalta.

Para o analista, a queda dos futuros de soja na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) reflete a dúvida sobre como ficará a partir de agora o apetite chinês pela oleaginosa norte-americana. “Para a soja, acho que passou a janela que favorece os EUA, porque o Brasil já está começando a colher”, avaliou.

“O que pode ser favorecido é milho. A China deu uma pausa por enquanto no plano de etanol (mistura do biocombustível na gasolina), porque os estoques de milho estão muito baixos. Os EUA têm uma brecha, mas por enquanto o milho da Ucrânia ainda está agressivo (no mercado internacional)”, disse. 

McDougall acrescentou que etanol de milho e trigo podem ser alternativas para a ampliação das compras chinesas nos EUA. Segundo o analista, a falta de detalhamento sobre quanto a China deve comprar de cada commodity reflete a rejeição chinesa à imposição de metas de compra. 

Ele aponta ainda que o país asiático não deve chegar aos US$ 50 bilhões em compras chinesas de produtos agropecuários dos EUA indicados pelo presidente norte-americano, Donald Trump. “Só se a China não tivesse alternativa, o que não está acontecendo. Ocorreram problemas de clima na Argentina e no Brasil, mas nada grave”, comenta (Agência Estado, 16/1/20