Milho: Análise Conjuntural Agromensal Cepea/Esalq/USP de Julho/2022
LAVOURA DE MILHO ueslei-marcelino Reuters
Os preços do milho recuaram na maior parte do mês de julho. Com o avanço da colheita na maioria dos estados e estimativas oficiais indicando oferta recorde na temporada 2021/22, os valores cederam, registrando, em algumas praças, os menores patamares desde o início do ano passado. Na região de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa chegou a registrar R$ 80,06/sc de 60 kg no dia 22, o menor valor nominal desde 30 de dezembro de 2020.
O bom ritmo da colheita da segunda safra fez com que produtores ficassem mais flexíveis nas negociações, especialmente os do Centro-Oeste, onde as atividades estiveram mais intensas. Do lado dos consumidores, muitos se mostraram abastecidos ou no aguardo do recebimento de lotes adquiridos antecipadamente.
Relatos indicaram armazéns lotados no Sudeste e produto a céu aberto no Centro-Oeste, cenário que pode reduzir a qualidade do grão. Embora o movimento tenha sido de queda no acumulado do mês, na última semana de julho, as cotações voltaram a subir em muitas regiões, como no estado de São Paulo, refletindo as altas do mercado internacional, a maior demanda externa pelo cereal brasileiro e os baixos estoques de compradores domésticos.
Diante disso, produtores se retraíram das vendas envolvendo grandes lotes, na expectativa de obter maior receita com a comercialização do milho em agosto. Assim, no acumulado de julho, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas, SP) cedeu 0,7%, fechando a R$ 82,93/saca de 60 kg no dia 29. A média mensal, de R$ 81,98/sc, recuou 4,3% sobre a de junho.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores acumularam baixas de 2,8% no mercado de lotes (disponível) e de 3,6% no de balcão (ao produtor) no acumulado do mês. Quando comparadas as médias mensais, as desvalorizações foram de 5,8% e de 5,4%, respectivamente.
Na B3, os contratos também recuaram, pressionados pela colheita. O vencimento Set/22 registrou queda de 1,1% em julho, indo para R$ 86,11/sc no dia 29, e o Nov/22 se desvalorizou 1,3%, a R$ 88,31/sc de 60 kg.
PORTOS
Os valores também apresentaram queda nos portos brasileiros durante o mês de julho, apesar de algumas ofertas terem sido realizadas a preços maiores. As quedas fizeram com que os valores nos portos se aproximassem dos patamares praticados no mercado interno.
As diferenças entre os preços nos portos (Santos e Paranaguá) e o Indicador foram de aproximadamente 3 Reais/sc. Vale lembrar que, em julho do ano passado, a situação era oposta, com os preços no mercado interno superando em mais de 20 Reais/sc as médias nos portos de Paranaguá e de Santos.
A desvalorização do dólar frente ao Real também impediu altas significativas – a moeda norte-americana recuou 1% entre 30 de junho e 29 de julho, a R$ 5,178 no último dia útil de julho. No acumulado do mês, o preço em Paranaguá registrou queda de 0,8% a R$ 86,08/saca de 60 kg, enquanto em Santos houve leve alta de 0,1%, a R$ 87,60/sc no dia 29.
Quantos aos embarques brasileiros, totalizaram 4,12 milhões de toneladas em julho, superando os 1,99 milhão no mesmo mês de 2021. As importações também foram superiores, somando 290 mil toneladas em julho, conforme dados da Secex.
CAMPO
A colheita da segunda safra registrou considerável avanço na maior parte das regiões produtoras em julho, favorecida pelo clima predominante seco durante o mês. De acordo com a Conab, até o dia 30 de julho, 71,1% da área nacional havia sido colhida, contra 51,6% no mesmo período de 2021.
Quanto à primeira safra, restam apenas 0,6% da área nacional para ser colhida, segundo o órgão. Especificamente em Mato Grosso, segundo o Imea, até o dia 29 de julho, o estado havia colhido 97,95% da área estimada para esta safra, avanço de 13,8 p.p. frente à safra passada.
No Paraná, até o dia 1º de agosto, a colheita havia atingido 57% da área estimada, o que representa um avanço de 47 p.p. em relação ao ano anterior, segundo dados da Seab/Deral. Em Mato Grosso do Sul, até o fim do mês de julho, 26,2% da área havia sido colhida, segundo a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul).
INTERNACIONAL
Nos Estados Unidos, as cotações iniciaram o mês de julho com fortes desvalorizações, pressionadas pelos dados divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicando aumento dos estoques nacionais e mundiais na temporada 2022/23. No entanto, as quedas foram limitadas por preocupações com o desenvolvimento das lavouras e pelas boas perspectivas quanto às exportações estadunidenses.
Entre 30 de junho e 29 de julho, o contrato Set/22 recuou 2%, fechando a US$ 5,1625/bushel (US$ 242,6/t) no dia 29. Já os contratos Dez/22 e Mar/23 se mantiveram estáveis no mesmo período, finalizando o mês a US$ 6,20/bushel (US$ 244,08/t) e a US$ 6,2625/bushel (US$ 246,54/t).
Em relatório divulgado no dia 12, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicou que os estoques norte-americanos serão de 37,34 milhões de toneladas no encerramento da safra 2022/23, aumento de praticamente 3 milhões de toneladas frente ao divulgado no mês de junho.
Além disso, a produção norte-americana também foi elevada, passando de 367,28 milhões em junho para 368,43 milhões no último mês. Os estoques finais mundiais subiram para 312 milhões de toneladas, contra 310,45 milhões estimados no mês anterior. Quanto às lavouras, o órgão relatou no dia 1º de agosto que 61% da safra norte-americana estava entre condições boas e excelentes.
Na Argentina, as atividades estão em bom ritmo. Segundo a Bolsa de Cereales, até o dia 27 de julho, a colheita havia alcançado 74% da área estimada (Assessoria de Comunicação, 9/8/22)