Minerva fechou o 4º tri de 2017 com prejuízo
A necessidade de obter maior capital de giro após as aquisições de ativos da JBS fez a Minerva Foods terminar 2017 no vermelho, segundo avaliação de Fernando Galletti de Queiroz, presidente da companhia. O aumento de abates no Brasil também teve forte impacto nas operações, de acordo com analistas.
A companhia informou ontem que registrou prejuízo líquido de R$ 313,5 milhões no último trimestre do ano passado. Com isso, a companhia fechou 2017 com perda acumulada de R$ 280,9 milhões. No quarto trimestre de 2016, a Minerva havia reportado lucro de R$ 12,3 milhões. Em todo o ano de 2016, o lucro foi de R$ 195 milhões.
"Aumentamos as operações com as compras de ativos da JBS e aceleramos as operações de Mirassol D’Oeste", afirmou Galletti a jornalistas. O fluxo de caixa operacional ficou negativo em R$ 145 milhões no quarto trimestre, enquanto no mesmo trimestre de 2016 havia ficado positivo em R$ 237,9 milhões. Em 2017, o fluxo operacional somou R$ 496,5 milhões. O fluxo de caixa livre ficou negativo R$ 440,5 milhões no quarto trimestre e em R$ 388,8 milhões no ano.
A compra das operações da JBS no Mercosul – efetivada em 1º de agosto, por R$ 1 bilhão -, contribuiu, por outro lado, para o avanço da receita líquida. Hoje, os frigoríficos que eram da JBS representam um terço da Minerva. Segundo dados divulgados ontem, as vendas cresceram 55,1% no quarto trimestre de 2017 na comparação com o mesmo trimestre de um ano antes, para R$ 3,965 bilhões. No ano, a companhia obteve receita de R$ 14,034 bilhões, alta de 45,4% na comparação anual.
A receita bruta com as vendas no mercado interno somaram R$ 3,807 bilhões em 2017 – 37% da receita total – e as vendas no mercado externo ficaram em R$ 6,456 bilhões – 63% do total. "Normalmente, a nossa receita é 70% de vendas externas, mas com as novas operações na Argentina, aumentamos a participação de processado no mercado interno", disse Galletti.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Minerva aumentou 45,4% no trimestre, passando de R$ 249,9 milhões para R$ 363,4 milhões. O número considera o resultado pró-forma de receita líquida e Ebitda para as plantas da JBS. A margem Ebitda recuou 0,6 ponto percentual, para 9,2%. Em 2017, a margem ficou em 9%, redução de 1,2 ponto.
A relação entre a dívida líquida e o Ebitda ajustado dos últimos 12 meses ficou em 4,6 vezes ao fim de 2017, maior que as 3,4 vezes registradas em 2016 e a relação de 1,1 vez vista ao fim trimestre anterior.
Sobre a deflagração da terceira fase da Operação Carne Fraca – anunciada ontem-, o presidente da Minerva afirmou que a estratégia de diversificação geográfica de produção em outros países da América do Sul pode ajudar a companhia a se proteger de possíveis efeitos negativos. "A ideia era a mitigação de riscos de mercado, mas também se aplica para questões de sanidade", disse (Assessoria de Comunicaçã, 6/3/18)