Ministra viajará à Índia em janeiro para parcerias no setor de etanol
Tereza Cristina irá integrar delegação da visita oficial do presidente Jair Bolsonaro ao país. A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) reuniu-se nesta terça-feira (17) com a Frente Parlamentar da Agropecuária para fazer um balanço das ações do Ministério em 2019. No encontro, a ministra anunciou uma das primeiras agendas de 2020, quando irá à Índia em janeiro, acompanhando a missão oficial do presidente Jair Bolsonaro, para tratar da ampliação do mercado com o país. Parcerias na produção de etanol serão um dos temas, segundo a ministra. "Um dos pedidos do primeiro-ministro [Narendra Modi] quando esteve aqui [na reunião de Cúpula do Brics] foi tratar de bioenergia", disse a ministra. Outro assunto é a perspectiva de venda de carne de aves para os indianos, que abriram o mercado para os produtos brasileiros. Em 2019, a Índia consumiu cerca de 5 milhões de toneladas de carne, montante superior ao volume exportado de carne brasileira de frango para outros países, de 4 milhões de toneladas em 2018. O consumo per capita é de 3 kg por pessoa por ano, considerado baixo, mas com previsões de crescimento para 9,1 Kg até 2030. No Brasil, o consumo atual por habitante é de 45 Kg, na China, de 10,5 Kg, e nos Estados Unidos, de 43 Kg. Retrospectiva e Perspectivas 2020 Aos parlamentares, a ministra apresentou um balanço das ações executadas pelo Ministério no ano de 2019, primeiro ano de gestão no comando da pasta. A retrospectiva traz dados sobre ampliação e desburocratização do crédito rural, aumento das apólices de seguro rural, ações eficazes de defesa agropecuária, abertura de mercado externo para os produtos agropecuários e programas de incentivo à agricultura sustentável. Tereza Cristina apresentou ainda as perspectivas para 2020, como inclusão no campo (AgroNordeste, regularização fundiária), agropecuária aliada à sustentabilidade (ampliação do Plano de Agricultura de Baixo Carbono, cooperativismo e bioeconomia) e conectividade na área rural (Observatório da Agropecuária, que integra as mais diversas bases de dados apoiando os gestores públicos na tomada de decisões). A ministra agradeceu a parceria do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), que também participou da reunião da FPA, e dos parlamentares para o desenvolvimento do setor agropecuário e do país este ano. O ministro Salles destacou as parcerias entre os dois ministérios, entre elas, programa para pagamento de serviços ambientais,bioeconomia, regularização fundiária e o zoneamento econômico e ecológico (Assessoria de Comunicação, 17/12/19)
O etanol será um dos principais temas na agenda do presidente Jair Bolsonaro em viagem oficial à Índia em janeiro, disse nesta terça-feira a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica),
O presidente da Unica, Evandro Gussi (Foto), afirmou que o Brasil vai discutir meios de apoiar a Índia no fortalecimento de seu programa de etanol, incluindo como aumentar a produção do biocombustível e sua mistura com gasolina, o que poderia reduzir estoques de açúcar no país asiático e dar força aos preços do açúcar.
“A Índia pode ter grandes benefícios econômicos e ambientais com um impulso a seu programa de etanol”, disse Gussi, que estará na Índia com Bolsonaro durante a visita.
Segundo o chefe da Unica, o aumento na produção e mistura de etanol na Índia reduziria a necessidade de o governo subsidiar o setor de açúcar e também cortaria custos do país com importação de petróleo e gasolina.
A maior mistura de etanol à gasolina poderia ainda reduzir a poluição nas grandes cidades indianas, um problema crítico para o país, disse Gussi.
“Eu estive em Délhi durante a última crise de poluição deles. Era difícil respirar”, afirmou.
A Unica estima que o uso de etanol no Brasil em 2019 levará a reduções totais de emissões de carbono de 80 milhões de toneladas.
O Brasil adiciona 27% de etanol à gasolina, enquanto 90% da frota de carros do país pode utilizar 100% de etanol hidratado devido a seus motores “flex”.
“A Índia poderia reduzir significativamente a poluição com o etanol. Seria algo fácil para eles”, disse ele.
Gussi afirmou que a Unica fará um “road show” em fevereiro para promover o etanol em outros países asiáticos, como Tailândia, China e Paquistão.
Atualmente, o governo brasileiro está questionando na Organização Mundial do Comércio (OMC) os subsídios fornecidos pela Índia ao setor açucareiro, afirmando que o apoio financeiro estatal, especialmente para as exportações do adoçante, afeta as regras comerciais e mantém os preços globais baixos.
Julio Maria Borges, especialista em açúcar e etanol da consultoria paulistana JOB, disse que o acréscimo da flexibilidade ao setor açucareiro indiano, com a possibilidade de que também se produza etanol, pode evitar a produção com prejuízos para alguns países —incluindo a própria Índia.
Ele afirmou em relatório que as exportações de açúcar do Brasil na atual temporada não teriam gerado dinheiro suficiente para que as usinas cobrissem custos e depreciação. As vendas de etanol, entretanto, cobririam tais custos e ainda gerariam ganhos de cerca de 15% (Reuters, 17/12/19)