Mistura maior de biodiesel limitará exportação de óleo de soja do Brasil
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O aumento de 10% para 12% a partir de abril deverá limitar a quantidade de óleo de soja do Brasil disponível para a exportação.
O aumento da mistura de biodiesel no diesel de 10% para 12% a partir de abril deverá limitar a quantidade de óleo de soja do Brasil disponível para a exportação, assim como reduzir a oferta para a exportação de grãos, avaliou analista da Consultoria Agro do Itaú BBA.
Segundo Francisco Queiroz, que preparou relatório do banco sobre o assunto, assumindo premissas de um consumo adicional de 800 mil toneladas de óleo de soja somente para cumprir com o mandato de B12 até o final do ano, a demanda local seria da ordem de 8,2 milhões de toneladas.
Considerando exportações de 2,3 milhões de toneladas de óleo de soja, conforme projeção do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) citada pelo especialista, a “demanda total” de óleo seria de 10,5 milhões de toneladas, contra uma produção projetada de 10,2 milhões de toneladas.
“Só aí, já ficaríamos devendo 300 mil toneladas, que teriam que sair da exportação. Portanto, nossa capacidade de exportação teórica, para não alterar a relação estoque/uso, é de 2,0 milhões de toneladas”, disse Queiroz, ao ser questionado pela Reuters.
A análise considera participação de 72% do óleo de soja na produção de biodiesel, com B12 a partir de abril.
Segundo ele, sem o aumento de mistura, seria possível exportar em torno de 2,3 milhões de toneladas de óleo, “mantendo a relação estoque/consumo nos mesmos níveis”.
A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) elevou nesta semana a previsão de exportações de óleo de soja para 2,15 milhões de toneladas.
Ainda assim, as exportações de óleo ficariam abaixo do visto no ano passado (2,6 milhões de toneladas), quando foram impulsionadas por compras da Índia, em meio a preocupações com a oferta de óleos concorrentes da Indonésia e Ucrânia, de palma e girassol, respectivamente.
Segundo a Abiove, há uma demanda importante pelo óleo de soja brasileiro, em meio a uma quebra na safra da Argentina, que deve impulsionar principalmente embarques de farelo de soja do Brasil.
“A grande quebra de safra da Argentina, maior exportador global de farelo e óleo de soja, deve abrir uma janela de oportunidades para as exportações desses produtos pelo Brasil“, pontuou o analista.
Grãos
Em relatório, o analista destacou ainda que a necessidade adicional de óleo de soja para a produção de biodiesel possivelmente vai tirar cerca de 4 milhões de toneladas de grãos da exportações, já que tal volume será direcionado ao processamento, para atender a mistura maior do biocombustível.
Com uma safra recorde, contudo, os estoques finais de soja deverão estar mais folgados este ano, possibilitando embarques de mais de 90 milhões de toneladas do grão (Reuters, 24/3/23)