Moagem de cana no Centro-Sul volta a cair com chuvas e menor oferta
A moagem de cana no Centro-Sul do Brasil, principal região canavieira do mundo, voltou a cair com força na primeira metade de outubro, conforme chuvas em excesso e menos usinas em operação reduzem as atividades no campo, informou nesta quarta-feira a associação da indústria Unica.
O encerramento precoce da safra 2018/19 já era considerado pelo setor em razão da menor disponibilidade de matéria-prima para processamento.
Na primeira quinzena deste mês, a moagem foi de 25,6 milhões de toneladas, recuo de 21,3 por cento na comparação anual, disse a União da Indústria de Cana-de-açúcar. Na última metade de setembro, o volume havia sido de 27,6 milhões de toneladas.
“A retração observada decorre, em grande medida, da maior precipitação pluviométrica nas regiões produtoras do Centro-Sul durante o mês, além da redução do ritmo de processamento diário em várias unidades com oferta reduzida de cana nesse ciclo”, afirmou em nota o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, destacando que a queda na moagem está praticamente concentrada em São Paulo e Paraná.
Conforme a Unica, até 16 de outubro 15 unidades encerraram a safra 2018/19 e mais 64 devem interromper as operações na próxima quinzena, disse a Unica.
No acumulado da safra, as usinas da região processaram 483,6 milhões de toneladas, queda de 3,5 por cento na comparação com o total moído na mesma época da safra anterior. Em geral, analistas preveem uma moagem total de cerca de 560 milhões de toneladas para a temporada 2018/19.
PRODUÇÃO
As usinas do Centro-Sul seguem focadas na produção de etanol, dada a maior rentabilidade ante o açúcar. Na primeira quinzena de outubro, apenas 32 por cento da oferta de matéria-prima foi para o adoçante.
Assim, foi fabricado 1,1 milhão de toneladas de açúcar no período, queda de 44 por cento ante igual período do ano passado. A produção de etanol somou 1,5 bilhão de litros (-6,6 por cento), refletindo a menor quantidade de cana para moagem.
Para o diretor da Unica, “a retração na fabricação de açúcar registrada nessa safra foi possível, entre outros fatores, porque 17 usinas com fábrica de açúcar optaram por não fabricar o produto no ciclo 2018/19”. Isso fez com que as unidades que só estão produzindo etanol passassem a representar cerca de 19 por cento da moagem neste ano, contra apenas 14,43 na média de 2017/18, explicou ele.
A entidade destacou ainda que o volume total de etanol comercializado pelas unidades do Centro-Sul somou 1,35 bilhão de litros na primeira quinzena de outubro, crescimento de 27,2 por cento na comparação anual.
O crescimento deve-se, mais uma vez, à manutenção da competividade do etanol hidratado frente à gasolina no mercado doméstico. Suas vendas internas alcançaram 946,30 milhões de litros nos primeiros quinze dias de outubro (+42,75 por cento).
Para Padua, “o volume comercializado na primeira quinzena de outubro só não foi maior devido ao aumento na oferta de etanol hidratado na região Norte-Nordeste, que já no mês de setembro direcionou mais de 100 milhões de litros ao mercado interno” (Reuters, 24/10/18)