MST contradiz ministro e só desocupará áreas após medidas do governo
MST COM PAULO TEIXEIRA - Foto MST-Yuri Gringo
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) informou em nota que deixará as áreas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Pernambuco, e da Suzano, no Espírito Santo, quando o governo federal tomar medidas para assentar as famílias que estão nestas áreas.
"As famílias sairão quando o governo autorizar a vistoria de cinco áreas em Petrolina e criar uma mesa de negociação MST, Suzano, governo federal e governo estadual do ES. Assim que o ministro anunciar, as famílias farão assembleias e devem sair das áreas", disse o MST, em nota enviada ao Broadcast Agro.
A manifestação do movimento contradiz declaração dada ontem à noite pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, que disse que o MST se comprometeu a se retirar das área de pesquisa da Embrapa em Petrolina (PE) e da propriedade da Suzano em Aracruz (ES) ocupadas desde o domingo, 16. Segundo o ministro, a desocupação foi acertada em reunião ontem à noite com a direção nacional do movimento e o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo.
"Eles se comprometeram conosco de se retirarem da área da Embrapa ocupada em Pernambuco e da área ocupada da empresa Suzano no Espírito Santo. E assim vamos manter um diálogo. Diálogo esse que será na direção da implementação da agenda da reforma agrária", disse Teixeira em um vídeo publicado no Instagram.
Na nota divulgada nesta quinta-feira, o MST afirmou que houve "entendimento" do governo com o movimento na reunião de ontem. "O MST considera que teve uma vitória política com a retomada do debate sobre a reforma agrária.
O governo federal recebeu a pauta do MST em diversos ministérios e autarquias, abriu negociação e criou grupos de trabalho para atender as demandas. O MDA e a Secretária Geral da Presidência assumiram o compromisso de lançar em maio um plano de reforma agrária, com medidas, metas e um cronograma", declarou o movimento.
O MST afirmou também que a sua mobilização, chamada de "Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária" ocorreu em 18 Estados. "Foi uma jornada de negociação com o governo federal e governos estaduais pela reforma agrária", afirmou o movimento.
"O MST reafirmou o apoio ao presidente Lula, ao governo federal, à democracia e às lutas pelo programa de mudanças sociais que venceu as eleições, a partir da experiência histórica de que negociação se faz com luta popular", prosseguiu o MST, ao comentar a reunião com o governo (Broadcast, 20/4/23)