MST invade sede do Incra em Mato Grosso do Sul e pressiona governo
Invasão do MST a prédio do Incra, em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul - Divulgação MST
Desde segunda (15), em meio a Abril Vermelho, invasões do movimento ocorrem em diferentes estados.
Cerca de 200 militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram, nesta quarta-feira (17), a superintendência do Incra (Instituto Nacional de Colonização e da Reforma Agrária) em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. A invasão faz parte de um conjunto de ações que têm o objetivo de pressionar o governo federal a avançar em projetos da reforma agrária.
O chamado Abril Vermelho do MST acontece em alusão ao massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em abril de 1996. Na ocasião, 21 integrantes do MST foram assassinados pela Polícia Militar.
Desde segunda (15), quando o MST começou a Jornada Nacional de Lutas pelo Brasil, invasões e outros tipos de ações do movimento ocorreram em diferentes estados.
Segundo levantamento do próprio movimento, atualizado até o final da tarde desta quarta-feira, foram realizadas durante a semana 47 ações, o que inclui, segundo critério do MST, por exemplo, mobilizações no Incra, doação de alimentos e assembleias.
O movimento considera 28 dessas ações como ocupações e novos acampamentos e que ocorreram em um total de 11 estados, além do Distrito Federal.
A invasão no Incra na capital de Mato Grosso do Sul, nesta quarta, aconteceu por volta das 7h.
O MST no estado quer pressionar por terras em áreas que já estão em negociação, que possuam ocupações ou cujos proprietários tenham irregularidades com a União. São reivindicados assentamentos nos municípios de Sidrolândia, Ponta Porã, Nova Andradina, Corguinho, Itaquiraí, Japorã, Batayporã e Dourados. E também em fazendas com denúncias de trabalho análogo à escravidão em Anastácio, Antônio João, Nioaque, Iguatemi, Naviraí e Jardim.
Na terça (16), no Pará, o MST invadiu os latifúndios da família Miranda, no sudeste do estado. Eles também pedem vistorias de órgãos públicos em outras 15 áreas requisitadas.
No Ceará, cerca de 500 integrantes do MST ocuparam a sede da Secretaria de Educação do Estado, em Fortaleza. "Os manifestantes tem como objetivo reafirmar a educação do campo enquanto direito, denunciar o descaso com as escolas dos assentamentos de Reforma Agrária e exigir melhorias na infraestrutura das escolas, bem como a construção de novas escolas", diz trecho da nota do movimento.
O MST também ocupou uma área de 800 hectares no perímetro do lago de fronteiras em Crateús, no interior cearense, e reivindica a desapropriação de 5 mil hectares de terra para a reforma agrária.
Procurado pela reportagem, a Superintendência do Incra em Mato Grosso do Sul disse que o MST realiza mobilização na sede do Incra no estado e que "o objetivo é debater e posteriormente entregar a pauta de reivindicações e sugestões".
No domingo (14), o MST já tinha invadido dois terrenos usados pela estatal Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em Petrolina, no interior de Pernambuco.
No dia seguinte, na segunda-feira (15), o presidente Lula (PT) lançou um programa para reforma agrária no país, como resposta a um aumento da pressão de movimentos de esquerda.
Chamado de Terra da Gente, o programa reúne 17 alternativas legais para obter e disponibilizar terras, chamadas de prateleiras. Dentre essas, há duas novidades: a compra de propriedades de bancos e empresas públicas; e a negociação com estados endividados com a União, em troca de terra
No caso do movimento em Petrolina, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, disse no evento na segunda que o governo atenderá ao MST em três pontos. No primeiro, fará uma transferência de recursos para a Embrapa de Petrolina produzir sementes para agricultores familiares da região. No segundo, fará um assentamento no perímetro irrigado. E também anunciou a abertura de um escritório do Incra em Petrolina (Folha, 18/4/24)
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Invasões do MST chegam a 28 áreas em 11 Estados
Diante de invasões do MST, Paulo Teixeira fala em 'celebrar'. Blog Revista Oeste Foto Priscila Ramos MST
As invasões realizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), desde segunda-feira (15), alcançaram 28 áreas em 11 Estados, segundo dados do próprio movimento. As invasões são registradas em Sergipe, Espírito Santo, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Bahia, Pará, São Paulo, Goiás, Ceará, Rio de Janeiro e no Distrito Federal.
Os atos, de acordo com o movimento, fazem parte da Jornada Nacional de Luta em Defesa da Reforma Agrária, que ocorre neste mês, conhecido como Abril Vermelho, em repúdio ao massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 17 de abril de 1996, quando 21 trabalhadores rurais ligados ao MST foram assassinados pela Polícia Militar.
O MST reivindica as áreas invadidas, as quais considera improdutivas, para assentamento e reforma agrária. O movimento informou que há 40 ações em andamento, alcançando o total de 16 Estados e o Distrito Federal, o que inclui invasões, acampamentos, assembleias e mobilizações. De acordo com o movimento, há mais de 22 mil famílias mobilizadas nos atos.
Na manhã desta quarta-feira, cerca de 200 militantes do movimento invadiram a sede do Instituto Nacional de Colonização e da Reforma Agrária (Incra) em Campo Grande (MS), reivindicando áreas para assentamento. O movimento também invadiu a sede da Secretaria de Educação do Ceará, com cerca de 500 militantes. O pleito do MST no Estado é por melhorias na educação do campo. No Estado, uma área de 800 hectares em Crateús também foi invadida e o MST reivindica a desapropriação de 5 mil hectares para destinação à reforma agrária.
A fim de frear as invasões do chamado "Abril Vermelho" do MST, nesta semana, o governo federal lançou o Programa Terra para Gente, para acelerar o assentamento de famílias no País. O programa prevê a inclusão de 295 mil famílias no Programa Nacional de Reforma Agrária, sendo 74 mil assentadas e 221 mil reconhecidas ou regularizadas em lotes de assentamentos existentes até 2026. O MST afirmou, em nota, que as iniciativas do governo voltadas à reforma agrária são "insuficientes" e que há 70 mil famílias vivendo em acampamentos (Broadcast, 17/4/24)