Múltis de defensivos já veem melhora de vendas no Brasil
Após padecerem com grandes estoques de defensivos parados nos canais de distribuição no Brasil, que lidera as vendas globais do insumo, as mais importantes multinacionais que atuam nesse mercado começam a ver suas vendas no país se normalizarem, em um movimento que tende a se traduzir em melhora dos resultados neste segundo trimestre.
Nos três primeiros meses do ano, entretanto, os resultados das empresas do ramo ainda foram prejudicados pelo atraso do início do plantio da safra 2018/19 nos EUA e pela safrinha de milho mais tardia no Brasil nesta temporada 2017/18.
A americana DowDuPont, por exemplo, já informou que suas vendas globais deverão apresentar crescimento ao redor de 20% de abril a junho em relação ao mesmo período de 2017. E que seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) deverá aumentar cerca de 40% em igual comparação. No primeiro trimestre, a receita dos negócios agrícolas da companhia atingiu US$ 3,8 bilhões, retração de 24,6%, e o Ebitda caiu 39%, para US$ 891 milhões.
Mesmo a alemã Bayer, a gigante que mais acusou o golpe dos grandes estoques de agroquímicos no Brasil no ano passado, indicou que o cenário clareou. Conforme Werner Baumann, CEO da múlti, a situação "já voltou totalmente ao normal". A companhia reportou receita líquida de € 2,9 bilhões no primeiro trimestre deste ano, 8,3% a menos do que no mesmo período de 2017. As vendas na América Latina somaram € 230 milhões.
No segundo trimestre do ano passado, com o incremento dos estoques nas distribuidoras, a companhia teve que fazer provisões elevadas devido à expectativa de devolução de produtos parados. Com as provisões, as vendas reportadas pela Bayer na América Latina foram negativas em € 69 milhões naquele período. Assim, a expectativa é de evolução de abril a junho deste ano.
Nas contas da consultoria Kleffmann, 15% das vendas de defensivos do ano passado no Brasil ficaram nos canais de distribuição. Fontes do segmento calculam que, no total, a indústria tenha vendido ao redor de US$ 9 bilhões no ano passado. No início de 2017, os estoques somavam US$ 2,4 bilhões.
"Tivemos um bom desempenho no primeiro trimestre deste ano no Brasil, com crescimento de dois dígitos. E estamos observando de perto como atuamos no mercado", afirmou Liam Condon, presidente do braço agrícola da Bayer, em teleconferência com analistas. Segundo ele, a forma de incentivar as compras das redes de distribuição é que provocou os problemas de estocagem no ano passado.
"Há um forte volume de vendas de fungicidas e inseticidas e, com a maior rentabilidade do agricultor, com certeza teremos ganho de participação de mercado", disse Condon na teleconferência ao avaliar os resultados da múlti no Brasil.
A também alemã Basf registrou nos três primeiros meses deste ano receita de € 1,728 bilhões, retração de 7% em relação aos mesmos meses de 2017. Também em teleconferência, Marc Ehrhardt, presidente da companhia, afirmou que os resultados foram pressionados pelo fortalecimento do dólar em todas as regiões, mas que o aumento dos volumes vendidos ajudou a reduzir esse efeito. No Brasil, houve incremento das vendas de fungicidas para soja e de inseticidas para cana-de-açúcar.
A suíça Syngenta, controlada pela ChemChina, não divulga mais seus resultados trimestrais, mas em recente visita ao Brasil seu presidente global, Erik Fyrwald disse que, no primeiro trimestre, as vendas no país cresceram 20% (Assessoria de Comunicação, 22/5/18)