Nobel da Paz 2021: Somos todos Prof. Alysson Paolinelli
Por Aparecido Mostaço
Quando o assunto é brasileiro concorrendo ao Prêmio Nobel, sempre me vem à mente o depoimento do dr. Ozires Silva, que é um dos fundadores da Embraer, ele perguntou a alguns membros do comitê do Prêmio Nobel, por que não tínhamos nenhum brasileiro como ganhador ainda? “´Vocês brasileiros são destruidores de heróis.' Olha, foi uma pancada no estômago...Ele falou que todos os candidatos brasileiros que apareceram, contrariamente aos dos outros países, em particular os Estados Unidos, quando aparece um candidato brasileiro, todo mundo joga pedra do Brasil. Não tem apoio da população. Parece que o brasileiro desconfia do outro ou tem ciúmes do outro, sei lá o que acontece."
Pois bem, temos a grande chance de mudar isso. De “destruidores de heróis” para construtores que valorizam seus heróis. Um grande brasileiro, gigante da agricultura, o professor Alysson Paolinelli, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz 2021. Essa indicação é um grande orgulho para todos nós brasileiros, principalmente para os que trabalham com o agro.
Mineiro de Bambuí, de 84 anos, produtor rural, engenheiro agrônomo, pesquisador, professor, ex-ministro da Agricultura, grande gestor, apaixonado pela agricultura e dono de um entusiasmo contagiante, diz humildemente que essa indicação é um reconhecimento da importância de toda a agricultura brasileira, seus pesquisadores, extensionistas, técnicos, produtores e profissionais do agro.
Vale lembrar que o último Nobel da Paz, reconhecendo o aprimoramento da produtividade agrícola como ferramenta humanitária no combate a fome no mundo foi em 1970, para o agrônomo americano Norman Borlang.
O Brasil produz comida para alimentar 1,6 bilhões de pessoas no planeta. Produzimos 250 milhões de toneladas de grãos em 63 milhões de hectares, ou seja, 3,8 milhões de toneladas para cada 1 milhão de hectares semeados. Lembrando que na década de 70 era 1 por 1, tínhamos 37 milhões de hectares produzindo 37 milhões de toneladas de grãos. Em 40 anos, aumentamos nossa produção em 500%, com apenas 70% do aumento de área plantada.
Éramos totalmente dependentes de importação de alimentos, o feijão vinha do México, o leite da Argentina, nossa carne não era das melhores, até que a jornada de excelência agrícola para a produção no cerrado teve início corrigindo o solo com calcário e permitindo não apenas o plantio de alimentos, mas principalmente o plantio de novos sonhos, uma nova vida, levando junto o desenvolvimento e oportunidades de progresso para todos.
De importador para um dos maiores exportadores de alimentos do mundo. Como o próprio professor Alysson costuma dizer: “O que o mundo levou 4 mil anos para fazer em clima temperado, o Brasil fez em 40 anos, criando uma tecnologia de agricultura tropical sustentável.”
Foi esse desafio que o professor Alysson enfrentou, liderou e venceu. Com planejamento ousado e com a Embrapa, investiu no conhecimento e em pesquisas, desenvolvendo as melhores práticas agrícolas e as mais adequadas à agricultura tropical, padronizando e disseminando essas melhores práticas com os produtores para transformar o cerrado brasileiro em uma nova fronteira agrícola.
Produzir alimentos com excelência é contribuir para a garantia da paz mundial. Sem comida de qualidade disponível e acessível, o mundo viveria em uma guerra constante para garantir reservas de alimentos. Os mais fortes sempre levariam a melhor, e aos demais sobrariam os restos. Isso não é digno. Isso não é vida. Isso não é justo. Garantir alimentos de alto valor nutricional nas prateleiras dos supermercados a preços acessíveis é uma grande missão em favor da vida e em prol da paz. Claro, que no Brasil precisamos de uma política social efetiva que garanta o mínimo de alimentação para quem mais precisa.
Defender, divulgar e torcer pelo professor Alysson é torcer pelo Brasil, pela agricultura brasileira e pelos milhares de profissionais do universo do agro. Parabenizo o timaço de craques do agronegócio que através da “Rede Paolinelli”, conduziram o processo de indicação, com a coordenação do ex-ministro Roberto Rodrigues. “Agro é Alysson, Alysson é Nobel” estamos na torcida (Aparecido Mostaço, CEO da Energia Humana Consultoria e apaixonado pelo agro)