O aborto no Brasil – Por Tarcisio Angelo Mascarim
Escrevo este artigo atendendo ao apelo do Padre Paulo Ricardo para uma ação imediata junto ao Congresso. Ele alega que o Supremo Tribunal Federal, usurpando a competência legislativa do Congresso, pretende, com a ação conhecida como Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442 (ou ADPF 442), legalizar o aborto no Brasil.
Se existe um ativismo judicial no Brasil, a culpa principal não é dos juízes, mas do próprio Congresso, que não votou até hoje nenhuma lei que reconheça a prática do ativismo como crime de responsabilidade. E o Padre continua a sua mensagem justificando a ação.
Reforçando seu apelo, tomo a liberdade de transcrever a mensagem do Papa Francisco publicada em 19/06/2018 no site Vatican News/Redação da Aleteia, com o título Aborto é nazismo:
“O homicídio das crianças. Para deixar a vida ‘tranquila’, mata-se um inocente, denuncia o Papa, dando nome aos bois.
Ao receber para uma audiência no Vaticano os membros de uma associação de famílias, o Papa Francisco comparou o aborto com as práticas nazistas de extermínio humano, afirmando nesta segunda, 18 de junho: ‘No século passado, todo o mundo se escandalizava com o que os nazistas faziam pela pureza da raça. Hoje fazemos a mesma coisa, com luvas brancas’.
O Papa denunciou sobre o aborto: ‘Está na moda, é normal. Em uma gravidez na qual a criança não está bem ou possui alguma malformação, a primeira oferta é: vamos tirá-la?. O homicídio das crianças. Para deixar a vida tranquila, mata-se um inocente’.
Francisco deu mais um exemplo histórico: ‘Quando eu era criança, a professora nos ensinou o que os espartanos faziam quando nascia uma criança com malformação: eles a levavam até um monte e a jogavam do penhasco, para salvaguardar a pureza da raça. Uma atrocidade. Mas nós fazemos o mesmo’.
E questionou: ‘Por que você não vê anões nas ruas? Porque o protocolo de muitos médicos diz: Ele vai nascer deformado, vamos nos livrar dele’.
Diante desse cenário, o Papa Francisco defendeu a vida e um acolhimento realmente livre de exclusões: ‘Os filhos se recebem do jeito que vierem, do jeito que Deus os envia’.
Ele reiterou que um casamento, entendido naturalmente, é formado por um homem e por uma mulher que devem ser incentivados a ter filhos, recordando que as crianças são um bem para toda a sociedade. ‘Nos dias de hoje, fala-se de famílias diversificadas: vários tipos de famílias. É verdade, a palavra família é uma palavra análoga, porque falamos da família das estrelas, da família das árvores, da família dos animais... É uma palavra análoga. Mas a família humana, à imagem de Deus, homem e mulher, é uma só. É uma só’.
Francisco prosseguiu: ‘O nascimento de filhos é o maior investimento para um país e é a primeira condição para a sua prosperidade futura’.
A cultura do descarte no mundo – O poderoso ativismo de grandes organizações internacionais que lucram bilhões de dólares com a indústria do aborto, porém, tem sido particularmente agressivo em suas campanhas mundiais para manipular a linguagem e influenciar as culturas, gerando a falsa crença de que um embrião não seria um ser humano, mas apenas um amontoado de células. Além de negar o básico da biologia e da lógica, essa estratégia tergiversa conceitos-chave da civilização, como o de direitos humanos, levando a crer que existiria o direito de exterminar uma vida e que tal direito seria uma prova de avanço social.
Sob a influência desse tipo de manipulação, dois países de tradição católica cederam recentemente à cultura do descarte: Irlanda e Argentina aprovaram nas últimas semanas a expansão do aborto a casos em que basta a decisão da gestante, sem qualquer diagnóstico de risco nem para ela, nem para o bebê – como senão houvesse dezenas de alternativas civilizadas para planejar a gravidez de modo responsável e, mais elementarmente ainda, como se não fosse necessário discutir com muito mais objetividade e coerência sobre o que é, de fato, a dignidade e a grandeza de um único ser humano, desde a sua concepção até a sua morte natural.
Mas o nazismo não quer acolher o frágil, com toda a sua grandeza e dignidade. O nazismo quer matá-lo.”
Além da mensagem do Papa Francisco, finalizo transmitindo aos leitores um resumo de três histórias sobre o aborto, cujas mulheres tiveram a vontade de abortar, mas preferiram dar a luz da vida às crianças.
A primeira é a história da mãe de Cristiano Ronaldo, que confessou que, quando grávida, pensou em abortar, pois já tinha três filhos, mas foi convencida por um médico de ter a criança.
A segunda é a história da mãe que trouxe seu filho à luz deste mundo ainda muito jovem e, em meio a muitas feridas no corpo e na alma, seguiu em frente naquela gravidez assustadora que não tinha sido planejada e entregou o seu filhinho indefeso para ser adotado. O testemunho arrepiante do jovem adotado que foi em busca da mãe biológica violentada desde a infância: quando a encontrou disse: “Quero que você saiba que eu procurei você para agradecer por não ter me abortado”.
A terceira é a história da mãe que engravidou de um estuprador durante uma viagem a trabalho e o marido acolheu o bebê nascido dessa violência e disse: “Nosso precioso filho de três anos foi concebido naquele horrível ato de maldade. Mas ele foi um presente felicíssimo para nós dois, um caminho de cura e uma resposta ao pesadelo.
Diante da mensagem do Papa Francisco sobre o aborto e do resumo dessas três histórias, peço para que os nossos parlamentares e os membros do Supremo Tribunal Federal não tomem medidas sobre o aborto, a não ser para manter a sua proibição (Tarcisio Angelo Mascarim é sócio e administrador da Mascarim & Mascarim Sociedade de Advogados. Leia mais artigos no www.tarcisiomascarim.com.br)