19/08/2019

O agronegócio consciente e responsável,respeita e preserva o meio ambiente

O agronegócio consciente e responsável,respeita e preserva o meio ambiente

Por Aparecido Mostaço

 

Em recente relatório o “Estado do Clima 2018” elaborado pela Sociedade Americana de Meteorologia, 2018 foi um dos quatro anos mais quentes desde o fim do século 19. Os únicos três anos mais quentes que 2018 foram 2015, 2016 e 2017. A emissão de gases como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso aumentou, e combinados com outros gases já têm um efeito de aquecimento 43% maior do que em 1990. E o Brasil é 7º país do mundo que mais contribui para o aquecimento global. Isso é uma realidade.

É responsabilidade de todos os brasileiros preservar um de seus maiores patrimônios, as florestas tropicais.

Por tudo isso, quando o assunto é meio ambiente o agronegócio não deve titubear e deve dizer de maneira objetiva e clara: somos favoráveis a preservação da Amazônia e respeitamos o meio ambiente.

O agronegócio moderno que representa 21,6% do PIB Brasileiro e conta com 4,4 milhões de produtores que seguiram o código florestal, fizeram o Cadastro Ambienta Rural (CAR) e são conscientes que o agro e a preservação ambiental devem caminhar juntos para um progresso e desenvolvimento sustentável. Ainda faltam quase 1 milhão de produtores.

O agro consciente sabe que das 191 culturas agrícolas de produção de alimentos no País, 114 ou seja 60% dependem de polinizadores (abelhas, besouros, borboletas, vespas, aves etc.) e 25% da produção nacional é dependente da polinização. Isso nos leva ao uso responsável e controlado dos agroquímicos modernos que são mais eficientes e menos prejudiciais, devendo ser receitados por engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas habilitados. O Brasil é o único grande player da agricultura que está numa zona tropical e sem o uso de defensivos é impossível produzir em grande escala.

Sejamos realistas, não existirá agronegócio, não existirá produção de alimentos se as condições ambientais e climáticas não forem respeitadas e adotas as medidas necessárias para a sua preservação e adoção das melhores práticas de cultivo. Simples assim.

Já está comprovado que a devastação das florestas gera impacto imediato na quantidade de chuvas e nas temperaturas.

A maior parte da produção agrícola brasileira depende das chuvas, sendo que apenas 5% da produção total e 10% da produção de grãos são irrigados. O maior risco para o agronegócio (e para a nossa alimentação) ocorre quando altas temperaturas são concomitantes com períodos de diminuição das chuvas. Isso diminui a produtividade e pode comprometer as safras.

Ao vender os produtos agrícolas, especialmente nossas proteínas, é preciso enfrentar uma dura guerra comercial, obviamente nossos concorrentes tentam criar uma da imagem de “inimigo” do meio ambiente para colocar o país como vilão da história ambiental. Em uma década nosso déficit comercial está estimado em US$ 10 Bilhões. Não podemos perder mercado.

Independentemente do que o governo atual pensa e acredita sobre a questão ambiental, o agro precisa deixar muito claro a sua posição e se afastar de discursos radicais sobre temas ambientais e usar o bom senso defendendo o que é certo. Produzir com responsabilidade ambiental e social é gerar progresso sustentável.

Por isso, acredito ser muito arriscado para o setor estar ao lado de um discurso pouco esclarecedor e muito gerador de confrontos em relação ao meio ambiente.

É claro que cada um tem o direito de pensar como quiser, mas o fato de o governo atual não acreditar sequer no aquecimento global e o desprezo por quem milita em defesa da preservação ambiental, é extremamente grave para a imagem do agronegócio.

Não é educado e diplomaticamente aceito, tratar a Alemanha e Noruega com ataques verbais desnecessários, como tratamos recentemente com a suspensão das doações para o fundo de preservação da Amazônia.

A percepção chega sempre uns 100 dias na frente da explicação. O mundo está assustado com a imagem (percepção) que está sendo divulgada pelo governo. E isso levará tempo para explicar.

Acredito que seja preciso propor uma agenda de produção consciente e sustentável que coloque o Brasil na linha de frente da defesa ambiental e da eficiência produtiva com total compromisso com o respeito ao meio ambiente.

O grande Ralph Waldo Emerson, já dizia: “O que você é fala tão alto que não consigo ouvir o que você diz.” E o fato que tem gritado alto é que o mundo inteiro está preocupado com os rumos que o novo governo tem adotado para as questões relacionadas ao meio ambiente. O desdém, a falta de noção, as falas absurdas e a falta de prioridades têm dado o tom. Isso é péssimo para a imagem do Brasil e do agronegócio brasileiro, assim como para as nossas exportações.

Produzir com eficiência hoje em dia não se trata apenas de produzir mais com mais e sim produzir mais com menos. Utilizando menos áreas, menos água, menos agroquímicos etc. isso é aumentar a produtividade com tecnologia agrícola e sustentabilidade.  Basta ver  o sucesso que tem sido a LPF que é a integração da lavoura, pecuária, floresta.

Todas as entidades representativas do agronegócio deveriam assinar um Termo de compromisso e divulgar com grande entusiasmo que amamos e dependemos do meio ambiente e para isso é preciso preservar a Amazônia, as nascentes, as reservas legais, adotar um plano arrojado de reflorestamento, uso controlado de agroquímicos, respeitar as comunidades indígenas e povos ribeirinhos, os animais, enfim, que o agro moderno caminhe junto em uma evolução humana consciente e inclusiva de todo o ecossistema que sustenta a vida.

É sempre oportuno relembrar alguns números que demonstram o quanto o agronegócio consciente e responsável é sustentável: Na produção de grãos do Plano Collor até hoje, a área plantada cresceu 63% e a produção cresceu 295%, com esse aumento gigantesco de produtividade foram poupados 90 milhões de hectares.

Hoje, em nossa matriz energética, 39% da geração de energia é renovável. No restante do mundo este número fica em torno de 13%. E, 17% da matriz energética brasileira vem da cana-de-açúcar, enquanto 12% vem das fontes hidráulicas de nossas hidrelétricas.

Isso é respeito ao meio ambiente. Com educação, empatia, diplomacia e tecnologia é possível construir um caminho sustentável para o agronegócio no mundo. Relembrando Gandhi, “Olho por olho e todos ficam cegos.” O caminho do diálogo e do respeito deve sempre prevalecer. E viva o agro ! E viva o meio ambiente! (Aparecido Mostaço é CEO da Energia Humana Consultoria e atua há mais de 30 anos do agronegócio)