O crescimento dos assassinatos de jovens... – Por Welson Gasparini
Em edição recente a “Folha de S. Paulo” apresenta, em suas páginas, uma manchete que, sem dúvida alguma, deixa-nos angustiados: “O assassinato de jovens cresce e 325 mil mortes são registradas em um período de 11 anos.”
Um fato, realmente, entristecedor: o número de homicídios de jovens, entre 15 a 29 anos, no Brasil, cresceu 23% nos últimos 10 anos, o atingindo o pico dessa série histórica com, num único ano, 33.590 vítimas nessa faixa etária. Com isso, em 11 anos o Brasil enterrou 324.967 jovens assassinados, quantidade equivalente à soma, por exemplo, das populações dos bairros de Copacabana, Ipanema, Leblon e Botafogo, no Rio de Janeiro; bem como da maioria das cidades brasileiras.
Esses dados constam do Atlas da Violência 2018, uma publicação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para o total da população, essas estatísticas não são menos dramáticas. Em 2018 – conforme frisei em pronunciamento recente na tribuna da ALESP - o País bateu um novo recorde no número de homicídios, com 62.517 assassinatos, traduzindo na taxa, também recorde, de 30 mortes para cada 100 mil habitantes, correspondendo a 30 vezes a taxa de homicídios na Europa.
Vale a indagação que então fiz: o que a classe dirigente deste País está fazendo para enfrentar essa situação? Não podemos ignorar uma manchete dessas: “Assassinato de jovens cresce e 325.000 jovens são mortos em 11 anos no Brasil”. Não podemos ignorar o fato por ela evidenciado: o assassinato de jovens tornou-se, no Brasil, um fato rotineiro a engrossar as estatísticas oficiais. E o que nós – e quando “nós”, refiro-me a políticos e administradores públicos – estamos fazendo para enfrentar essa deplorável realidade?
Infelizmente, muito pouca coisa tem sido feito pela classe dirigente. Muito menos tem sido feito, ainda, nos lares, nas escolas ou nas igrejas: esses jovens assassinados são, muitas vezes, antes de serem vítimas de quem os matou, vítimas, igualmente, de uma má formação dentro de seus próprios lares, escolas ou igrejas...Não foram, assim, orientados quanto ao perigo das más companhias ou das drogas e nem receberam ensinamentos adequados nas escolas ou nas igrejas.
É isso nós estamos vendo: a insegurança, em nosso País, afetando jovens e idosos, homens e mulheres, crianças e adultos. Precisamos, enfim, reagir. Esse o apelo que faço e reitero a todos os partidos políticos, não importando suas convicções ideológicas: vamos nos unir e somar forças para enfrentar esta grave situação vivida pela Nação brasileira inclusive convocando o povo para não ficar parado e exigir, dos governantes, o enfrentamento dessa realidade para transformá-la e ensejar, ao menos, a esperança de dias melhores (e menos violentos!) para todos! (Welson Gasparini é deputado estadual, professor, advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto)