O setor sucroenergético irá acabar – Por Aparecido Mostaço
Sim, da maneira como o conhecemos está com os dias contados. Em seu lugar irá nascer e prosperar um novo conceito de produzir, distribuir energia e se relacionar com a comunidade. O conceito de commodities será substituído pelo novo conceito de “feeling sells” da energia vital para a vida moderna com uma pegada emocional forte (que gere conexões duradouras) em tudo o que a cadeia de valor do setor faça.
Esse é o caminho que gigantes da inovação e tecnologia tem seguido, como Apple, Google, Amazon, Tesla, Disney, Unilever, Starbucks, Airbnb, Uber, etc e isso, com total respeito às pessoas, ao meio ambiente, as melhores práticas de gestão, compliance e governança corporativa e, claro compromisso com combate à corrupção. O setor deve ser rigoroso e incansável com a prática da ética dos negócios.
A cultura das usinas, deverá passar por uma evolução, maior e mais acelerada. Surgirá uma cultura de conexão afetiva direta com os consumidores finais de suas energias.
Além da cultura, deverá enfrentar também, mudanças operacionais, com a aprovação da nova lei das terceirizações, assistiremos uma grande transformação no setor.
Agora, será possível terceirizar até a atividade fim do setor. Com isso, nascerá empresas especializadas em operações completas de usinas. Hoje temos exemplos das operações de corte, carregamento e transporte, manutenções, etc. Esse leque certamente irá ampliar conforme decisões e análises estratégicas. Como já existe no segmento de petróleo, as operadoras terão sua expertise em produzir e entregar os melhores resultados.
Com isso, a grande estratégia da direção da empresa, será comercializar com inteligência e valor agregado a nova concepção de “energia vital e renovável produzida”.
Os clientes das usinas estão mudando seus horizontes estratégicos 2025/2030. Basta realizar a leitura de seus relatórios anuais e planos estratégicos que os desafios do horizonte começam a ficar mais claros. Grandes consumidores de açúcar estão revendo suas estratégias e eles próprios pregando a redução do açúcar em seus produtos em prol de uma vida saudável com foco na saúde. As grandes campanhas publicitárias, que tem sido lançada em escala mundial demonstram essa nova abordagem.
Em relação ao etanol, como consequência da greve dos caminhoneiros, a venda direta aos postos apareceu na agenda de análise estratégicas. Com o amplo planejamento das grandes montadoras, muitas estipulam meta de crescimento ousadas para os carros elétricos até 2030 e ainda, temos o crescimento do investimento em etanol de milho.
Nesse cenário, não é possível que o setor sucroenergético continue com sua visão de desejar (e temos que reconhecer, até com muito empenho e trabalho duro) melhorar o que sempre foi feito. Nesse quesito o setor já é excelente. É um dos maiores produtores de bioenergia do mundo. Possui uma tecnologia agrícola fantástica, tecnologia industrial invejável, profissionais excelentes e altamente produtivos. Precisa apenas melhorar sua gestão financeira, sua disciplina orçamentária e a sempre necessária formação de novos líderes, com novos “jeitos” de caminhar.
Portanto, não é apenas, melhorar que sempre foi feito. E sim se preparar para criar o que precisa ser feito para uma nova realidade.
Para isso, é fundamental uma mentalidade disruptiva e inovadora, com ousadia e liderança. Lembrando que inovar é fazer diferente o que todos fazem igual.
O setor não pode mais viver a eterna “ilusão de ícaro” a espera de botes salva-vidas do governo, sempre com um plano salvador que poderá definitivamente mostrar um novo caminho de progresso sustentável. E como já vimos vários planos, várias promessas, várias reuniões, inúmeros tratados, protocolos, etc... que não funcionaram e não funcionarão. O governo não sabe navegar em mares competitivos e modernos. Quem sabe, são os empresários e profissionais do setor. Se Elon Musk tivesse ouvido apenas os profissionais da Nasa para lançar a Space X, ela nunca teria existido. Por que todos diziam: “Isso é impossível para um civil.” Agora a Nasa é a principal contratante da Space X em suas missões espaciais.
O mundo será movido por uma energia diferente e contagiante. A nossa energia vem da terra e a transformamos em combustível para o corpo, para a casa e para os carros. É uma energia eficiente e humana que gera grande progresso através dos empregos, dos impostos, dos benefícios à saúde através da diminuição de emissões de CO2, da importância para o PIB do País e principalmente, o desenvolvimento social nas cidades onde atua. O setor cria conexões direta com o dia a dia das pessoas e de certa forma contribui com a sua felicidade. Então, definitivamente a nossa energia contribui para felicidade das pessoas (Aparecido Mostaço, CEO da Energia Humana Consultoria e Founder da Academia de Habilidades – formando líderes do futuro. Apaixonado pelo setor de energia renovável, nasceu e formou-se dentro de uma usina (Santa Elisa), trabalhou na Usina Itamarati, participou da startup da Brenco, do planejamento pré-operacional de gente e gestão para a chegada da BP Biofuels no Brasil e na EDP (Eletricidade de Portugal)