Odebrecht oferece controle de unidade de etanol Atvos a credores
A Odebrecht está oferecendo a credores o controle da unidade de açúcar e etanol Atvos Agroindustrial como principal alternativa para a reestruturação de dívida, afirmaram duas fontes com conhecimento do assunto.
O movimento é o mais recente sinal da maneira radical pela qual o conglomerado brasileiro Odebrecht, mais conhecido por suas operações de engenharia e construção, está se refazendo para renegociar 70 bilhões de reais em dívida consolidada.
Acusada de subornar políticos e executivos para obter contratos em toda a América Latina, a Odebrecht fez um acordo há dois anos com autoridades norte-americanas, brasileiras e suíças, pagando um valor recorde de 3,5 bilhões de dólares em multas para acertar as contas.
A Atvos tem cerca de 12 bilhões de reais em dívidas junto a Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES, bem como com Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil. A troca de dívida pelo controle daria à Atvos mais tempo para se recuperar sem ter de vender usinas, a outra alternativa potencial para pagamento das dívidas. As fontes, que pediram anonimato, afirmaram que a venda dos ativos da Atvos pode não ser suficiente para pagamento da dívida da companhia.
As fontes acrescentaram que uma decisão final ainda não foi tomada em relação a um “swap” e que um acordo para transferir a propriedade de Atvos pode não ser alcançado.
A Atvos é a segunda maior empresa de etanol do Brasil depois da Raízen, uma joint venture entre a Shell e a empresa de energia Cosan.
A dívida líquida da Atvos é equivalente a cerca de 10 vezes seu lucro anual antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Em comparação, a dívida das empresas mais bem administradas do setor é o dobro do Ebitda.
Em discussões preliminares com credores, a Odebrecht disse que queria que os credores trocassem a maior parte de suas dívidas na Atvos pelo controle da empresa, mas a companhia familiar Odebrecht quer manter uma participação minoritária. Os tamanhos das apostas ainda precisam ser determinados, acrescentaram as fontes.
A maior parte da dívida da Atvos é detida por bancos controlados pelo Estado, principalmente o Banco do Brasil e o BNDES, disse uma fonte. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal se recusaram a comentar o assunto. Odebrecht, Itaú e BNDES não responderam imediatamente às solicitações de comentários.
A empresa de etanol tem capacidade de moagem de 37 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano, mas vem operando em patamar bem inferior devido a problemas financeiros. Na safra 2017/18, a Atvos processou 25,8 milhões de toneladas, segundo seu relatório anual.
A Odebrecht contratou a consultoria Canaplan para avaliar a quantidade de dívida que o fluxo de caixa da Atvos poderia suportar, e a empresa apresentará um relatório aos credores sobre um novo plano de negócios.
Em novembro, o conglomerado contratou consultores para reestruturar parte de sua dívida bancária e de títulos (Reuters, 15/1/19)