16/10/2019

Odebrecht trava queda de braço por dívida da Atvos

Odebrecht trava queda de braço por dívida da Atvos

A Odebrecht está numa queda de braço com os credores da Atvos, seu braço sucroenergético, para amarrar um compromisso sobre o quanto da dívida de cerca de R$ 12 bilhões ficará dentro da empresa. Ou seja, a fatia que terá privilégio de pagamento, feito com a geração de caixa da companhia, após certa carência. Enquanto a Atvos quer se comprometer com um mínimo entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões, os bancos credores pedem entre R$ 5 bilhões e R$ 5,5 bilhões. O restante da dívida seria convertida nas tais debêntures participativas, apartadas na Atvos Holding, um instrumento participativo. Essas debêntures, conforme já sinalizado no plano de recuperação apresentado, carregam a promessa de “pago quando puder”.

Estica e puxa

O jogo gira em torno de duas relevantes questões para a Odebrecht. A primeira é determinar um montante de dívida que não comprometa totalmente suas receitas. Num melhor cenário, a Atvos trabalha com a possibilidade de a usina elevar sua produção para 36 milhões de toneladas ao ano, o que permitiria abarcar um montante maior de dívida dentro da unidade operacional. Um segundo ponto é que as receitas da Atvos estão entre aquelas com as quais a Odebrecht pretende contar para compor o fluxo de pagamento das dívidas da holding e das demais companhias que também estão em processo de recuperação judicial.

Unha e carne

As conversas de renegociação da dívida da Atvos e da Odebrecht estão, portanto, bastante interligadas. Tanto que a Assembleia Geral de Credores (AGC) da Atvos, do dia 24 de outubro, deve ser instalada e suspensa, numa tentativa de acontecer junto com a da Odebrecht, dia 18 de novembro. Mas já existe uma premissa de que mesmo a AGC da Odebrecht será instalada e suspensa, para dar mais tempo ao fechamento de todas as negociações em andamento. Procurada, a Atvos afirma que segue com as negociações com seus credores buscando a melhor estrutura de capital para o negócio (O Estado de S.Paulo, 16/10/19)