10/08/2020

Opinião: Cerceamento à Huawei obstrui o progresso

Legenda: Os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, durante reunião do G20 em Osaka, em junho de 2019 - Kevin Lamarque/Reuters

Por Yang Wanming

 

Os Estados Unidos têm se valido de todo tipo de manuseios políticos para cercear empresas chinesas

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Políticos americanos vêm lançando acusações infundadas de que equipamentos de 5G da Huawei apresentam riscos de segurança. Sob esse pretexto, restringiram o fornecimento de chips à empresa por fabricantes globais e coagiram outros países a desistir da tecnologia 5G chinesa.

Os Estados Unidos, que sempre se afirmam defensores da livre concorrência e da economia de mercado, têm se valido de todo tipo de manuseios políticos para cercear empresas chinesas, obstruindo a normalidade das parcerias internacionais de negócios. Essa prática constitui uma séria violação das regras comerciais da economia de mercado.

 

A Huawei nunca produziu e jamais produzirá equipamentos que ameaçam a segurança da informação em qualquer país. Comprometida com o fornecimento de produtos e soluções de qualidade, tem um excelente histórico de confiabilidade em todos os negócios que desenvolve em mais de 170 países e territórios, atendendo a mais de um terço da população do planeta.

Foi a primeira a se declarar disposta a assinar um acordo sem backdoor e a única a aceitar testes e supervisão por terceiros. Tudo isso mostra sua plena confiança na qualidade de seus produtos, e sua disposição de realizar cooperação internacional aberta.

Avaliações das autoridades de inteligência e segurança cibernética do Reino Unido e da Alemanha concluíram que não há motivo para banir os equipamentos da Huawei por questões de segurança.

Por outro lado, a China tem leis que protegem a segurança e a privacidade dos dados de seus cidadãos e vetam o uso inadequado de dados a que as empresas possam ter acesso.

Não é justo nem ético que políticos americanos repitam acusações feitas de má-fé, sem nenhuma prova e com o objetivo de confundir o público.

A intenção de Washington nunca é a de proteger a segurança de outros países. Muitos ainda devem se lembrar do escândalo em que os EUA se envolveram ao monitorar e grampear autoridades brasileiras e de vários países e organizações internacionais, violando a privacidade e a segurança nacional de terceiros.

Alguns comentaristas apontam que a utilização dos equipamentos de 5G da Huawei pode invalidar o controle que os EUA têm sobre as redes globais de telecomunicações, desativando em parte seus sistemas de vigilância e monitoramento. Talvez seja essa a verdadeira preocupação que alguns
políticos americanos chamam de segurança cibernética.

Ao transformar assuntos comerciais ou técnicos em questões políticas e ideológicas, Washington tenta usar meios não-convencionais em benefício próprio, conter o progresso científico e tecnológico da China e ganhar mais margem para manter tanto a supremacia no mercado de alta tecnologia como o monopólio na cadeia da indústria mundial.

Em longo prazo, a Huawei não será a maior vítima da intimidação tecnológica dos EUA, uma vez que nenhuma restrição ou proibição imposta por certos países pode impedir o desenvolvimento tecnológico da China e o crescimento das empresas chinesas.

Quem acabará marginalizado na economia digital será o país que forçar a escolha por alternativas mais dispendiosas e fizer os consumidores pagarem caro por uma experiência de internet medíocre.

A China não intervirá na escolha de fornecedor do 5G em nenhum país. No entanto, somos contra o uso de meios administrativos para interferir ou impedir a participação legítima de empresas chinesas na cooperação internacional ou na concorrência de mercado, por motivos políticos e sob o pretexto de segurança.

O que está em jogo não é só a preocupação de uma empresa ou de um setor, mas um importante critério adotado pela China e pela comunidade internacional para avaliar se um país é capaz de criar um ambiente de negócios e regras de mercado dentro dos parâmetros de abertura, equidade e não discriminação.

O 5G é uma tecnologia que molda o futuro. E nenhuma decisão sobre o futuro deve se basear em considerações limitadas por fatores ideológicos ou geopolíticos. É preciso que tal decisão se paute em objetividade e julgamento sensato, assim como na determinação de defender os interesses nacionais a longo prazo (Yang Wanming é embaixador da China no Brasil; Folha de S.Paulo, 9/8/20)