País tem capacidade de colher soja, apesar da concentração
A concentração do plantio de soja em poucas semanas, como ocorreu neste ano, não preocupa Guilherme Soria Bastos, presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), quando se trata de colheita e de armazenagem.
Para ele, o Brasil tem boa capacidade de plantio e de colheita. Claro que, se ocorrerem muitos dias seguidos de chuva no período de colheita, poderá haver um atraso.
Essa eventual colheita tardia levaria a um atraso no plantio da segunda safra. O produtor, contudo, sempre planta sabendo da estrutura de que dispõe para colher, afirma o presidente da Conab.
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Em relação à armazenagem, nessa época os armazéns de grãos estão vazios, já esperando a colheita. Em muitas regiões, a soja nem chega a ser armazenada. Ela passa pelo armazém apenas para secagem, afirma Bastos.
Além disso, apesar da concentração do plantio, há uma diversidade muito grande do ciclo das variedades de soja, o que ajuda a escalonar a colheita.
A área onde não será semeada a segunda safra de milho é cultivada com variedades de ciclo mais longo, afirma.
Diante dessa preocupação com o cenário deste ano, a Conab verificou o que ocorreu na safra 2019/20. Em Mato Grosso, líder nacional de produção, a média de colheita semanal foi de 770 mil hectares, considerando-se do início ao final da colheita.
Já a capacidade máxima das máquinas no estado é de 2,5 milhões de hectares por semana. No Paraná e no Rio Grande do Sul, outros dois importantes produtores, a média de colheita de soja foi de 400 mil hectares por semana, mas a capacidade máxima das máquinas nesses estados chega a 1,1 milhão de hectares por semana.
A capacidade de colheita do país supera em muito a necessidade média semanal, como mostram os dados. Apenas um excesso de chuvas complicaria a ação das máquinas no campo, segundo a Conab (Folha de S.Paulo, 27/11/20)