Países asiáticos gastam menos com agronegócio brasileiro em 2024
SILOS DE SOJA (Imagem Reprodução Aprosoja)
Exportações brasileiras de arroz em casca recuam 76% nos cinco primeiros meses no ano.
As exportações do agronegócio subiram menos e ficaram estáveis em US$ 67,6 bilhões nos cinco primeiros meses deste ano em relação a igual período de 2023.
Essa freada se deve à queda de 5% nos gastos dos asiáticos no Brasil nesse setor. Uma das responsáveis pela retração foi a soja, produto líder das exportações brasileiras. Os asiáticos despenderam US$ 17,3 bilhões no país com a oleaginosa. Até compraram um volume maior, mas os preços internacionais recuaram 20%, em média, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
À exceção da Ásia e da União Europeia, que tiveram um comércio menor com o Brasil, quando considerado o volume financeiro, Oriente Médio, África e América do Norte registraram boa evolução.
O açúcar, com bons preços e disponibilidade de produto, vem dando o principal salto na balança comercial do agronegócio. De janeiro a maio, as exportações atingiram 16,6 milhões de toneladas, com aumento de 62% sobre os cinco primeiros meses do ano passado.
Nesse mesmo período, as receitas obtidas pelo Brasil com a commodity subiram para US$ 7,15 bilhões e o produto ocupou a terceira posição no ranking das exportações brasileiras do setor. Três países se destacam nas compras, todos com volume superior a 1 milhão de toneladas cada um: Índia, Indonésia e Emirados Árabes Unidos.
A soja, com queda de 18% nas receitas, ficou com US$ 22 bilhões, e a carne, ao somar US$ 9,2 bilhões, cresceu 5%. Dois outros produtos se destacam neste ano: café e algodão.
O primeiro, com a evolução dos preços internacionais, está com receitas 48% superiores às do ano passado, e o algodão, após queda em 2023, já atinge US$ 2,4 bilhões neste ano, com aumento de 228%.
Milho e óleo de soja estão na lista das demandas externas menores. Japão, Taiwan e Coreia do Sul, com a dificuldade de os norte-americanos fornecerem o cereal no ano passado, vieram ao mercado brasileiro. Neste ano, estão importando menos. Já a China mantém as importações e levou 1,4 milhão de toneladas do cereal do Brasil até maio.
As compras externas de arroz, assunto do momento devido às importações governamentais, atingiram 510 mil toneladas até maio, conforme os dados da Secex. Paraguai, com 336 mil toneladas, é o maior fornecedor.
Apesar de importar, o Brasil também é fornecedor do cereal para o mercado externo. As vendas brasileiras de janeiro a maio somam 362 mil toneladas, 83 mil delas em casca. Senegal, Gâmbia, Costa Rica e Venezuela são os principais importadores do cereal brasileiro.
Entre os parceiros comerciais de destaque no agronegócio do Brasil estão China, Estados Unidos e Holanda. Os principais crescimentos neste ano, no entanto, ficam para Emirados Árabes (108%) e Irã (43%).
As negociações com países africanos, apesar da busca de nações daquele continente pelo atual governo brasileiro, ainda são pequenas, somando US$ 4,7 bilhões, mas com crescimento de 24% no ano. Elas estão, no entanto, bastante concentradas, uma vez que só Egito e Argélia gastaram US$ 1 bilhão cada um por aqui.
As importações dos países da América do Norte somam US$ 6,3 bilhões, e o principal parceiro do Brasil na região são os Estados Unidos. Como os americanos são concorrentes dos brasileiros em carnes e em grãos, as maiores compras são de café, madeira e celulose.
O café também é o principal produto importado pela União Europeia. O bloco já despendeu US$ 2 bilhões neste ano, 54% a mais do que em igual período do ano passado.
As proteínas animais têm boa demanda externa. As vendas de carne bovina do país subiram para 1 milhão de toneladas, no valor de US$ 4,4 bilhões.
A exportação de carne de frango, ao atingir 2,15 milhões de toneladas, gerou receitas de US$ 3,84 bilhões, e a suína superou US$ 1 bilhão, atingindo 505 mil toneladas no período, segundo os dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
O Brasil caminha para exportações do agronegócio semelhantes às de 2023, quando obteve US$ 167 bilhões. Milho e farelo de soja, dois produtos nos quais o país conseguiu liderança mundial no ranking em 2023, estão com ritmo mais fraco neste ano. Café, açúcar e algodão, porém, vêm compensando essa perda.
Os preços externos continuam menos favoráveis para os exportadores brasileiros do que no ano passado. Nos cinco primeiros meses deste ano, os produtos da agricultura caíram 17%; o farelo, 18%; a carne bovina, 7%, e a de aves, 9%. Já o açúcar teve alta de 12% no mesmo período (Folha, 11/6/24)