20/12/2017

Para Conab, dificuldades econômicas e clima reduzem moagem de cana

Colheita mecanizada de cana em Sertãozinho (SP)

Problemas econômicos nas usinas provocaram uma redução na área de cana-de-açúcar no país na safra 2017/18, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

A área colhida de cana deverá recuar para 8,74 milhões de hectares no país, 311 mil a menos do que na safra anterior. São Paulo, ao reduzir em 220 mil hectares, foi o principal responsável pela queda nacional.

Os técnicos da Conab atribuem a retração a vários fatores. Entre eles, está a troca da cana por outras culturas. Essa troca ocorre devido à exigência de mecanização no Estado e à dificuldade de atuação das máquinas em áreas de declive.

O grande número de empresas em situação de recuperação judicial auxiliou também a queda de área.
Esse desequilíbrio financeiro foi elevado pela oscilação dos preços do açúcar no mercado internacional e pelo clima desfavorável nas safras recentes.

A Conab constata, no entanto, uma renovação das lavouras com novas variedades —mais resistentes a pragas e doenças— que trazem maior produtividade.

São Paulo é o líder nacional na produção de cana. A área a ser colhida na safra 2017/18 recua para 4,6 milhões de hectares, 5% menor do que da 2016/17.

Entre os cinco maiores produtores de cana, apenas Mato Grosso do Sul teve elevação de área. Dados da Conab apontam 665 mil hectares para o produto no Estado, 7,5% mais do que na safra anterior.

Goiás, Minas Gerais e Paraná fecham a lista dos cinco maiores produtores. A queda de área nesses Estados foi de 5%, 4% e 3%, respectivamente.

A Conab, que faz a terceira estimativa de produção para o setor, prevê moagem de 636 milhões de toneladas de cana-de-açúcar no país, um volume 3% inferior ao da safra anterior.

A produção de açúcar sobe para 39,5 milhões de toneladas no período. Desse volume, 36,4 milhões virão do Centro-Sul. Já a de etanol recua para 27 bilhões de litros, 3% menos do que em 2016/17.

DIVERGÊNCIAS

Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), dá outros motivos para redução do volume de cana a ser moída na região Centro-Sul.

Ele atribuiu essa queda ao aumento do "plantio de cana de 18 meses", lavouras que estarão disponíveis nas próximas safras. De dezembro de 2016 a abril de 2017, o plantio de cana superou em 30% o de igual período anterior.

Padua não concorda também com a estimativa de produção de açúcar para o Centro-Sul. A região já processou 580 milhões de toneladas de cana e produziu 35,4 milhões de toneladas de açúcar. Em final de safra, a produção de açúcar não atingirá os 36,4 milhões de toneladas previstos pela Conab para a região, segundo ele (Folha de S.Paulo, 20/12/17)


Safra de cana-de-açúcar deve chegar a 635 milhões de toneladas  

A produção de cana-de-açúcar da safra 2017/2018 deve chegar a 635,59 milhões de toneladas, com um recuo de 3,3% frente às 657,18 milhões da temporada anterior. Neste 3º levantamento da atual safra realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e divulgado nesta terça-feira (19), a estimativa traz também a área colhida, a produtividade e o percentual destinado a açúcar e álcool. 

A queda de produção é resultado da retração de área. O recuo só não é maior graças ao pequeno aumento de 0,2% na produtividade, que  passou de 72,62 toneladas por hectare da safra anterior para 72,73 toneladas.
 
A área colhida deve sofrer uma redução de 3,4%, passando de 9,05 milhões para 8,74 milhões de hectares. A disponibilidade menor tem a ver com a desistência e devolução de áreas de fornecedores que têm plantações distantes das unidades de produção, principalmente aquelas em que há dificuldade de mecanização. 

A estimativa de açúcar deve atingir 39,46 milhões de toneladas, ou seja, 2% a mais que a safra passada. Agora, na reta final da safra, com 92,9% da cana já moída, as unidades aumentam a destinação para o etanol em função de sua melhor rentabilidade. No entanto, a produção ainda deve ser menor que a do ciclo anterior. 

A previsão é de 27,05 bilhões de litros de etanol, com um recuo de 2,7%. Enquanto o hidratado cai 5,2%, saindo de 16,73 para 15,87 bilhões de litros, o anidro sobe de 11,07 para 11,18 bilhões de litros, com aumento de 0,9%.

Ao longo do ano-safra, a Conab faz quatro estimativas da cana-de-açúcar. Os dados deste terceiro levantamento foram coletados entre os dias 19 de novembro e 2 de dezembro (Assessoria de Comunicação, 19/12/17)