05/06/2018

Parente pode ser definido como CEO da BRF ainda nesta semana

Parente pode ser definido como CEO da BRF ainda nesta semana

A renúncia da presidência da Petrobras, anunciada na sexta-feira, abriu caminho para que Pedro Parente assuma o cargo de CEO da BRF, como esperam analistas e fontes próximas à companhia. A decisão sobre a condução do executivo ao comando da empresa de alimentos poderá ser tomada já nesta semana, conforme apurou o Valor.

Tão logo a notícia da renúncia se espalhou, o mercado deixou clara a sua aposta e as ações da BRF dispararam na B3. Os papéis fecharam a sessão com alta de 9,2%, e o valor de mercado da companhia registrou aumento de R$ 1,6 bilhão, para R$ 19 bilhões. As ações movimentaram mais de R$ 314 milhões na sexta-feira, ante uma média diária de R$ 190 milhões desde o início do ano.

Mesmo antes de Parente anunciar sua saída da Petrobras, já existia expectativa de que ele pudesse assumir a presidência-executiva da BRF. Um dos motivos que alimentaram essa possibilidade foi o fato de o processo de seleção para o cargo de CEO, vago desde a renúncia de José Aurélio Drummond em meio às negociações que levaram à eleição de Parente à presidência do conselho, não ter sido sequer iniciado depois que o novo colegiado foi escolhido. O diretor financeiro Lourival Luz está como presidente interino desde então.

Parente foi eleito presidente do conselho de administração da BRF em 26 de abril. A indicação de seu nome encerrou uma disputa entre os acionistas – com as fundações Petros e Previ de um lado e Abilio Diniz e Tarpon, de outro – pelo comando do colegiado.

Se assumir como CEO da BRF, Parente terá um salto em sua remuneração. O pacote anual de remuneração da diretoria da Petrobras em 2017 foi de R$ 25 milhões, dividido entre oito membros, sendo o maior pagamento foi de R$ 2,35 milhões – a estatal ainda não atualizou o formulário de referência com a previsão para 2018.

Na BRF, o pacote total da diretoria aprovado pela assembleia de acionistas é de R$ 77,14 milhões em 2018, para uma equipe com seis participantes. O maior salário fixo previsto é de R$ 2,6 milhões. A estimativa de fontes de mercado é que o presidente da companhia recebe anualmente entre salário, benefícios, bônus e opções, de R$ 8 milhões a R$ 12 milhões.

A principal diferença entre as companhias está nos bônus e o no plano de opções. que são adotados na BRF e não existem na Petrobras. Os executivos da estatal são remunerados apenas por salários fixos.

Quando aceitou assumir a presidência do conselho de administração da BRF, Parente gerou uma modificação no pacote total de remuneração dos administradores da empresa. Antes da definição do nome do executivo, o pacote total para 2018 era de R$ 86,6 milhões, dos quais R$ 9,15 milhões seriam dedicados ao conselho de administração. Após sua indicação, o plano total subiu para R$ 93,1 milhões, com o valor definido para o colegiado elevado a R$ 15,2 milhões.

Para assumir a presidência do conselho da BRF, Pedro Parente abriu mão do conselho da B3.

Como é típico em companhias privadas de grande porte, a BRF atrela a maior parte do pacote de remuneração de seus executivos ao cumprimento de metas e ao plano de opções. Em anos como 2016 e 2017, quando não houve pagamento de bônus em função dos fracos resultados, a remuneração fixa respondeu por mais da metade do montante efetivamente pago – o restante foi em opções de ações. Em 2015, ano em que o desempenho operacional da empresa foi forte, o salário não representou mais de um terço do total recebido pelos executivos (Assessoria de Comunicação, 4/6/18)

O destino de Parente está traçado

A “Rádio BRF” informa: o ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, não só vai assumir o cargo de CEO da empresa como já teria, inclusive, acertado sua remuneração: um salário anual em torno de R$ 6,8 milhões – o triplo do que recebia na estatal. Esta é a informação que circulava nos corredores da companhia na última sexta-feira, poucas horas após Parente anunciar seu desligamento da Petrobras.

O que se dizia, inclusive, na fabricante de alimentos é que, inicialmente, Abilio Diniz teria convidado Parente para assumir a presidência executiva da BRF e não o Conselho de Administração, posto que ocupa hoje. Em tempo: que ninguém acuse o executivo de ter uma atitude pouco ética ao eventualmente aceitar a missão de comandar a BRF.

Se há um Brutus nesta história é o próprio governo, que esfaqueou Parente pelas costas. Primeiro, forçou o executivo a engolir uma redução dos preços de diesel; depois, fritou Parente ao jogar sobre suas costas a responsabilidade pela política de preços dos combustíveis da Petrobras, que, em uma última instância, também era sua.

Por falar em Pedro Parente, o RR apurou que Fernando Henrique Cardoso tentou demover seu antigo ministro da Casa Civil da ideia de deixar a presidência da Petrobras. A conversa teria ocorrido no feriado da última quinta-feira. Em vão (Relatório Reservado, 4/6/18)