24/01/2020

Pecuária busca novo equilíbrio

Pecuária busca novo equilíbrio

Para pesquisador do Cepea, preços não serão explosivos como os de novembro, mas vão superar a média dos de 2019.

A pecuária passa por um momento de reorganização do mercado. Há um ajuste de preços e uma busca por equilíbrio. A avaliação é de Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

A arroba de boi gordo, após ter atingido R$ 231 no final de novembro, estava em queda. Com a notícia da exigência chinesa de renovação de contratos, recuou para até R$ 190,6 na terça-feira (21). Voltou a subir para R$ 194 na quarta, mas fechou em R$ 191,2 nesta quinta, conforme levantamento diário do Cepea.

Carvalho diz que são muitos os agentes nesse mercado, e que não há ainda uma tendência definida de preços. Com a renegociação de contratos pela China e a acomodação do mercado interno, o setor ainda deverá definir um novo patamar de valores.

As margens das indústrias são menores e as pressões vêm não apenas das renegociações externas, mas também de dificuldades internas.

Como sempre ocorre em janeiro, o poder de compra dos consumidores, devido aos gastos de final de ano e aos custos extras do início, fica menor. Haverá um acerto nos estoques e nos preços, segundo o pesquisador.

O novo patamar não será o dos valores explosivos do final do ano passado, mas ficará acima do da média de negociações de 2019.

Isso deverá ocorrer porque antes mesmo da repentina elevação de preços de novembro, o mercado já vinha se ajustando para cima a partir de agosto.

Para ele, cada região tem suas especificidades, e os valores de negociações vão se comportar conforme as necessidades da indústria.

Em algumas regiões, os frigoríficos poderão fazer compras maiores para o cumprimento de contratos, procurar por um boi de melhor qualidade ou acelerar as aquisições devido a uma escala curta. O desempenho de cada um dará ritmo às negociações das áreas em que atuam.

O pecuarista espera que, no médio prazo, haja uma sustentação dos preços. Os estados do Sul e de Mato Grosso do Sul tiveram dificuldades na reposição de bezerros, o que vai afetar o mercado a partir de abril (Folha de S.Paulo, 24/1/20)