27/11/2020

Pelo menos oito usinas de açúcar estão sob estresse financeiro,aponta Itaú

Pelo menos oito usinas de açúcar estão sob estresse financeiro,aponta Itaú

(Foto: Marcelo Min / Ed.Globo)

Segundo instituição financeira, melhora das condições de mercado foram insuficientes para recuperar caixa de empresas mais endividadas.

 Um levantamento do Itaú BBA junto ao balanço financeiro de 59 usinas de açúcar e etanol do Centro-Sul responsáveis por 59% do processamento da safra 2019/2020 de cana-de-açúcar apontou que, embora os resultados da última temporada tenham proporcionado retomada dos investimentos, mais de 13% delas terão dificuldades para manter a operação em 2021.

Tratam-se de oito empresas com maior nível de endividamento em relação à receita e que, independentemente do cenário de preços, têm apresentado maior dificuldade para equilibrar as contas.

“A gente vê, ano a ano, essa separação do setor em dois grandes grupos: o grupo A e B, que tem um nível de alavancagem bastante confortável e alta geração de caixa, e os grupos C e D, que vão caminhando, independentemente do cenário de preço, para uma maior alavancagem”, explica Pedro Barros Barreto, diretor de agronegócio do banco.

  Agrupadas, as empresas no grupo D apresentaram, em 2019/2020, uma dívida oito vezes superior a suas receitas. “Independentemente de preço, a saída para esses grupos é através de desinvestimento, seja vendendo unidades, o grupo todo ou terras. Porque só a operação não vai conseguir colocá-los próximo à média do setor ”, observa Barreto.

Com preço médio 13,25% maior para o açúcar e quase 12% superiores para o etanol na safra 2019/2020, a despesa com investimentos dessas 59 usinas cresceram 24,3% na comparação com 2018/2019, atingindo R$ 10,3 milhões na última temporada – o maior nível de investimento em sete anos, mas concentrado entre aquelas em melhores condições financeiras.

“Quando olhamos o investimento, justamente o que vemos é uma concentração grande dos R$ 10 milhões nos grupos melhores. Ou seja, quem está bem consegue ficar cada vez melhor, seja com a idade média de canavial um pouco mais baixa, seja com uma indústria mais eficiente”, conclui o diretor de agronegócio do Itaú (Globo Rural, 25/11/20)