Perspectiva para safra 2020/21 dependerá do clima e das crises externas
A perspectiva para a safra de cana-de-açúcar que se inicia neste mês no Centro-Sul do País é positiva, mas seu desempenho vai depender das condições climáticas e dos desdobramentos do coronavírus, além da guerra nos preços do petróleo, protagonizada por Arábia Saudita e Rússia. A avaliação é do diretor da consultoria Canaplan, Luiz Carlos Correa Carvalho (Foto).
O período de maior atenção, segundo Carvalho, são os meses de abril e maio, que costumam indicar qual será o andamento da safra de cana. A tendência, por enquanto, é de que a produção seja igual ou melhor do que a da safra 2019/20, que acaba de ser encerrada. "Se o clima ajudar, pode ser até melhor, mas se as condições forem muito ruins, não descartamos a possibilidade de que a produção seja inferior ao ano-safra anterior", disse ao Broadcast Agro. Ele acrescenta que, embora a safra tenda a ser mais alcooleira, deve ter menos etanol do que o estimado inicialmente.
O momento atual, entretanto, preocupa o setor sucroenergético, um dos mais afetados pela pandemia de coronavírus. A forte queda na demanda por causa do período de isolamento social como forma de prevenção contra a doença atingiu em cheio as empresas produtoras de etanol. Ao mesmo tempo, as disputas internacionais derrubaram os preços do petróleo, que influencia na competitividade do biocombustível. "Estamos vivendo um momento muito ruim, com preços muito baixos, tanto de açúcar quanto de etanol, e justamente no início da safra. Isso faz com que os produtores já iniciem a temporada sob forte tensão", disse Carvalho.
Outro fator que complica o planejamento estratégico na conjuntura é o alto índice de perecibilidade da cana que, após ser colhida, precisa ser processada o mais rápido possível, segundo o diretor. Também há riscos caso a colheita seja atrasada, com a potencial perda de qualidade do produto. "A cana precisa ser processada e a safra vai ter que acontecer com a realidade econômica que estiver", ressaltou.
Nesse contexto, a Canaplan defende a importância de uma articulação com o governo em busca de alternativas que possam melhorar as perspectivas dos produtores, como um mecanismo de liberação de crédito para aumentar a capacidade de armazenagem do etanol, além de flexibilização na cobrança do PIS/Cofins e de aumento na alíquota da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina (Broadcast, 8/4/20)